Élder Bruce R. Mc Conkie, do Conselho dos Doze
A Liahona Julho de 1981
Durante alguns anos, procurei aprender tudo o que um mortal poderia a respeito da vida de Jesus Cristo — a vida mais exemplar que já houve — de suas palavras e obras realizadas na carne durante o período de sua existência terrena, da expiação efetuada por nós, e da glória que havia em sua vida, morte e ressurreição.
Ao pensar nele, minha alma se enche de solene respeito. A gloriosa Majestade vinda dos céus habitou entre os homens. Ele fez da carne o seu tabernáculo; nasceu de uma mulher; assumiu a forma de um humilde servidor; consentiu em deixar seu trono eterno para abolir os efeitos da morte e proporcionar a vida e imortalidade ao homem através do evangelho. O Grande Deus, o Eterno Jeová, o Senhor Onipotente se fez homem e habitou entre nós, como Filho de Maria, como Filho de Davi, como Servo Sofredor, como a Perfeita Manifestação do Pai.
Em 1935, no centenário da organização do primeiro quorum de apóstolos nesta dispensação, a Primeira Presidência da Igreja, constituída pelos presidentes Heber J. Grant, J. Reuben Clark Jr. e David O. Mckay, emitiu o seguinte pronunciamento; "Duas grandes verdades devem ser aceitas pela humanidade se ela quiser salvar-se; Primeiro, que Jesus é o Cristo, o Messias, o Unigênito, mesmo o Filho de Deus, cujo sangue expiatório e ressurreição nos salvou da morte física e espiritual, à qual ficamos sujeitos devido à queda; e em segundo lugar, que Deus restaurou novamente na terra, nestes últimos dias, seu Santo Sacerdócio e a plenitude do evangelho eterno, através do Profeta Joseph Smith, para a salvação de todos os homens que habitam este mundo. Sem estas verdades, o homem não pode ter a menor esperança de obter as riquezas da vida futura." (Improvement Era, abril de 1935, p. 205.) Logo após estas palavras, a Primeira Presidência prestou seu testemunho e, com efeito, o testemunho de todos nós, de toda a Igreja, quanto à veracidade daquelas duas declarações.
Temos uma gloriosa mensagem para propagar ao mundo. É uma mensagem de salvação, uma mensagem de alegria, esperança e boas novas. Ela é de natureza espiritual, e assim sendo, surge imediatamente a questão de como estabelecer a realidade e origem divina dessa mensagem.
Que prova se pode apresentar de verdades espirituais? Como provar que Cristo realmente ressuscitou?
Como provar que o Pai e o Filho apareceram a Joseph Smith, ou que qualquer dos outros ministradores angélicos veio ao mundo para lhes conferir chaves, poderes e autoridades, quando a Igreja foi estabelecida?
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Encontramo-nos exatamente na mesma situação que os antigos apóstolos. Eles também tinham uma mensagem importante para transmitir ao mundo. Eles deviam, primeiramente, proclamar a origem divina do Senhor Jesus, que ele era realmente o Filho literal de Deus, o qual viera ao mundo e efetuara o sacrifício expiatório infinito e eterno, através do qual todos os homens são levantados em imortalidade, e que os que creem e obedecem aos seus ensinamentos podem ser ressuscitados para a vida eterna.
Em segundo lugar, tinham de proclamar que eles próprios, Pedro, Tiago e João, e todos os Doze, os Setentas e outros discípulos — eram administradores legais comissionados por Deus, por ele investidos com poder, e as chaves do reino, com o direito de proclamar as verdades do evangelho, e com o poder de administrar suas ordenanças.
Todavia, como poderiam aqueles onze homens e seus companheiros — onze galileus sem nenhuma instrução rabínica ou erudição do ponto de vista dos homens — sair pelo mundo e cumprir a responsabilidade que o Salvador lhes dera, de levar a mensagem de salvação a toda criatura?
Usarei uma parte da vida de Cristo como ilustração, como padrão ou indício, mostrando como a mensagem de salvação foi proclamada naquela época. Se soubermos entender o princípio envolvido nesse ensinamento, teremos a capacidade de discernir o que devemos fazer em nossa época para levar avante uma mensagem equivalente a todos os outros filhos de nosso Pai.
Creio que um testemunho de Jesus Cristo depende da crença na ressurreição: se Jesus se levantou dos mortos, ele é o Filho de Deus! Se ele é o Filho de Deus, seu evangelho é verdadeiro! Se o evangelho é verdadeiro, temos de crer nele e colocá-lo em prática, ou estaremos correndo o risco de não obter a exaltação que ele nos possibilita!
Temos de aceitar suas verdades, ser batizados e viver a lei, ou seremos condenados! A única conclusão possível é que, se os antigos apóstolos tinham o poder e capacidade de convencer os homens de que Jesus Cristo ressurgiu dos mortos, então eles conseguiram estabelecer a veracidade e origem divina daquele trabalho. Porém, como vamos provar que a ressurreição foi real? Conforme veremos a seguir, podemos prová-la através do testemunho.
Paulo testificou que Jesus Cristo foi "Declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santidade, pela ressurreição dos mortos, Jesus Cristo, nosso Senhor," (Rom. 1:1-4). A ressurreição prova que Jesus era o Filho de Deus. As palavras a seguir também são do Apóstolo Paulo: "Ora, eu vos lembro, irmãos, o evangelho que já vos anunciei; o qual também recebestes, e no qual perseverais;" ("Agora este princípio é o coração, o centro e o âmago do evangelho:") pelo qual também sois salvos, se é que o conservais tal como vô-lo anunciei; se não é que crestes em vão.
"Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as escrituras;" "E que foi sepultado, e que foi ressuscitado ao terceiro dia, segundo as escrituras;" "E que foi visto por Cefas, e depois, pelos doze;" "Depois foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormem também." "Depois foi visto por Tiago; depois, por todos os apóstolos." (I Corintios 15:1-7).
Eis agora a parte da vida de Jesus Cristo que gostaria de considerar:
Já é depois da ceia e dos sermões proferidos no cenáculo, depois da incompreensível agonia sofrida no Jardim do Getsêmani, depois do julgamento e de sua crucificação. O corpo de Jesus foi colocado numa tumba antes do crepúsculo da sexta-feira, e seu espírito esteve no mundo espiritual durante trinta e oito ou quarenta horas.
Na madrugada do domingo, Jesus levantou-se dentre os mortos. Não sabemos a hora exata, mas os registros dizem que era "ainda escuro" (João 20:1), quando Maria Madalena foi visitar o sepulcro. De todas as mulheres mencionadas no Novo Testamento, Maria Madalena é a mais preeminente, com exceção apenas de Maria, a mãe do Senhor. Ela é a única mulher que sabemos ter acompanhado o Mestre e os Doze em suas viagens missionárias por todas as aldeias e cidades da Galileia. Chegando ao sepulcro, ali não encontrou o corpo do Senhor Jesus. Os anjos lhe pediram que dissesse a Pedro que Cristo havia ressuscitado, e que ia adiante deles para a Galileia, de acordo com o que havia prometido.
Não conhecemos a sequência exata dos acontecimentos, mas podemos ter uma certeza razoável. Ela provavelmente foi informar a Pedro e voltou de novo àquele local, ou saiu da tumba e viu o Senhor ressuscitado. Seja qual for o caso, Maria Madalena foi o primeiro ser mortal a ver uma pessoa ressuscitada. Em sua grande aflição, derramando lágrimas de ansiedade, ela sentiu a presença de alguém que julgou ser o jardineiro, e disse com muita propriedade: "Senhor, se tu o levaste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei" (João 20:15). O personagem disse apenas uma palavra: "Maria". Imediatamente ela reconheceu o Senhor e respondeu: "Raboni," que é uma forma reverente de pronunciar a palavra "Rabi", que significa "meu Senhor" ou "meu Mestre". Naquele instante, ela tentou abraçar o Senhor Jesus, mas ele lhe disse: "Não me toques, porque ainda não subi para Meu Pai" (João 20:17).
Pois bem, ou aconteceu mais alguma coisa após este evento, não registrada nas escrituras, ou entre aquele episódio e o que se segue o Senhor subiu ao Pai, pois logo em seguida lemos que "quando já despontava o primeiro dia da semana" (Mateus 28:1), outras mulheres chegaram, aparentemente em grupo, e dirigiram-se ao sepulcro, onde os ministradores angélicos lhes disseram diversas coisas. Porém, quando voltavam, diz o registro, elas encontraram Jesus e abraçaram seus pés. Isto significa que sentiram as marcas dos cravos que neles havia e talvez muito mais. Não sabemos o que aconteceu naquela ocasião, a não ser que Jesus lhes transmitiu a mesma mensagem que os anjos deram à mulher de Magdala. O Salvador disse: "ide, e dizei a meus irmãos que se dirijam à Galileia, e lá me verão." (Veja Mateus 28:10). Foram estas as duas aparições do Senhor ressuscitado na manhã da Páscoa.
A aparição seguinte, embora não possamos documentá-la acuradamente — pois não sabemos em que parte da cronologia ela se encaixa — foi a Pedro. Acreditamos que deva ter ocorrido porque ele seria o presidente da Igreja, pois possuía as chaves do reino. O Senhor apareceu a ele, obviamente para renovar e confirmar o relacionamento entre o poder e autoridade que o apóstolo tinha, e para comissioná-lo de novo a realizar o trabalho que lhe fora designado.
A aparição seguinte, cujos detalhes conhecemos, deu-se no caminho de Emaús, cidade de localização desconhecida, mas que sabemos ficava de 11 a 13 quilômetros de Jerusalém. Na tarde daquele dia, dois discípulos iam de Jerusalém a Emaús. Um deles se chamava Cleofas e presumimos que o outro erá Lucas, considerando que somente ele registra o que ali ocorreu. Enquanto caminhavam, um estranho juntou-se a eles e perguntou-lhes a respeito do que conversavam. Os viajantes, um tanto aborrecidos por ver aquele homem interferir em sua sagrada conversa, indagaram: "És tu só peregrino em Jerusalém, e não sabes as coisas que nela têm sucedido nestes dias? Não soubeste que Jesus foi crucificado por ocasião da Páscoa, e que ele prometeu ressurgir no terceiro dia?" (Veja Lucas 24:18-21).
Contaram-lhe ainda que algumas mulheres os haviam informado de que o Senhor ressuscitara. Então o Salvador lhes disse: "Ó néscios, e tardos de coração para crer em tudo o que os profetas disseram!" (Lucas 24:25), e continuou citando de Moisés aos profetas e o livro de Salmos, a respeito das profecias messiânicas concernentes a si próprio. Essa conversa provavelmente durou pelo menos duas horas. Seja como for, eles chegaram à vila de Emaús, onde os discípulos pretendiam pernoitar, e convidaram-no a ficar com eles, dizendo: "Fica conosco, porque já é tarde," (veja Lucas 24:29). Ele fez como que devesse seguir viagem, mas acabou aceitando o convite. Estando entre eles, partiu o pão e o abençoou. O Senhor deve tê-lo feito de um modo bastante peculiar, ou algo mais aconteceu para remover o véu dos olhos dos apóstolos, pois eles imediatamente o reconheceram. Jesus então desapareceu de diante deles.
Esta foi a quarta aparição. Aqueles dois discípulos voltaram imediatamente a Jerusalém, e, lá chegando, dirigiram-se a um lugar chamado cenáculo. Podemos afirmar, com boa margem de certeza, que foi o mesmo cenáculo onde se realizara a Última Ceia. Era um aposento largo e cômodo, e ali se achava congregado um bom número de fiéis. Geralmente só ouvimos falar que os apóstolos participaram desse evento, mas é provável que ali se encontrassem também outras pessoas, o que nos leva a presumir que entre elas havia algumas mulheres.
Ali chegando, os discípulos começaram a relatar aos demais o que lhes havia acontecido. Porém, quando entraram no aposento, alguém estava testificando que o Senhor havia aparecido a Simão, sendo esta uma evidência de que aquela aparição se deu pelo menos uma hora antes desta.
Enquanto continuavam a comer e a prestar seu testemunho, as escrituras dizem que Jesus apareceu no meio deles. Os registros dizem ainda que eles ficaram "espantados e atemorizados, pensavam que viam algum espírito." (Lucas 24:37), uma conclusão plausível, pois se encontravam num aposento fechado, com a porta fechada, no qual um ser, materializando-se, havia entrado através do teto ou da parede. O Senhor lhes disse então:
"E ele lhes disse: Por que estais perturbados, e por que sobem tais apensamentos ao vosso coração?
Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho." (Lucas 24:38-39).
Eles indubitavelmente sentiram as marcas dos cravos em suas mãos e pés, e apalparam a ferida que a lança fizera em seu lado. Sabemos por declaração expressa que foi exatamente isso que os santos nefitas fizeram, quando o Senhor lhes apareceu durante a última parte daquele ano nas Américas. Então o Salvador disse àqueles que se achavam no cenáculo: "Tendes aqui alguma coisa que comer?" (Lucas 24:41), o que era apenas uma pergunta de retórica, pois os apóstolos estavam comendo, e o Senhor sabia disso. Eles trouxeram-lhe "uma parte de um pedaço de peixe assado e, um favo de mel;" (Lucas 24:42-43). Depois disso, conversaram durante mais algum tempo.
Dez dos doze apóstolos se encontravam lá. Por algum motivo que desconhecemos, Tomé estava ausente na ocasião. Quando os outros lhe contaram o acontecido, ele declarou: "Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei." (João 20:25). Isto nos leva a supor que havia uma certa dúvida em seu coração, e de fato existia, porém não menos real que a que houvera na mente dos outros dez, quando julgaram que Jesus era um espírito. Tomé revelava com isso que não entendia ainda a natureza corpórea e literal da ressurreição, embora devesse ter aceito o testemunho dos apóstolos. Tomé, de fato, era um dos mais valentes dos Doze — ele foi o único deles que disse ao Senhor: "Eu irei e morrerei contigo", quando Jesus ia partir para levantar Lázaro dos mortos, no momento em que os outros disseram que os judeus daquela região procurariam matá-lo (João 11:16).
Pois bem, aqueles eram homens valentes, zelosos e dedicados, mas estavam ainda aprendendo pouco a pouco e passo a passo.
Uma semana depois, o mesmo ou outro grupo de santos estava reunido, aparentemente no cenáculo, guardando o dia do Senhor e assim estabelecendo o padrão de fazê-lo no domingo.
Jesus apareceu e disse a Tomé:
"Chega aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente." (João 20:27).
Então ele aparentemente caiu de joelhos e disse: "Senhor meu, e Deus meu!" (João 20:28). Cremos que ele aceitou o convite do Salvador, e sentiu e tocou as feridas, como os outros haviam feito uma semana antes. Então seguem as palavras com que elogiou os outros por terem acreditado sem ver João 20:29.
A próxima aparição, segundo a cronologia dos registros bíblicos, ocorreu à margem do Lago Tiberíades (Mar da Galileia), algum tempo depois das anteriormente mencionadas. Ela teve lugar pela manhã bem cedo. Somente sete dos Doze se achavam presentes, cinco dos quais são mencionados na escritura. Eles haviam pescado a noite inteira sem nada apanhar. Jesus apareceu à margem do lago e chamou os, dizendo: "Filhos, tendes alguma coisa de comer?" Eles não tinham. Jesus então disse: "Lançai a rede para o lado direito do barco, e achareis." (João 21:5-6). Eles assim fizeram, e imediatamente as redes se encheram a ponto de quase se romperem, à semelhança do milagre que o Senhor fizera em sua vida mortal, entre os filhos de Zebedeu.
João, dotado de um pouco mais de discernimento espiritual, disse:
"É o Senhor" (João 21:7). E Pedro, de natureza impulsiva, lançou fora o manto de pescador e nadou até a margem, para ser o primeiro a saudá-lo. Os outros recolheram os peixes. Quando chegaram à margem, viram que Jesus tinha acendido um fogo, no qual estava assando um peixe e um pão, e pediu-lhes mais alguns dos que haviam pescado, acrescentando-os ao que já estava preparando. Os apóstolos comeram, e presumimos — por uma razão que mais tarde indicaremos — que Jesus também comeu naquela ocasião.
Foi então que Jesus perguntou a Pedro, por três vezes, se o amava, e lhe deu o sublime decreto de pastorear seu rebanho. Foi ali, também, que ele disse que João viveria para prestar testemunho dele diante das nações e reinos, antes de ver o Senhor voltar em sua glória.
A aparição seguinte deu-se naquela montanha da Galileia. Pouco sabemos a respeito desse evento, mas é óbvio que foi uma aparição grande e gloriosa, pois mais de quinhentos irmãos a presenciaram. Isto nos leva a crer que também havia algumas mulheres entre aquele grupo de pessoas. O Mestre provavelmente seguiu o mesmo padrão que o de sua visita aos nefitas, e, para uma congregação daquela natureza, ele deve ter pregado novas doutrinas e feito muitas outras coisas que não faria se fosse um grupo menor. Seja como for, nessa ocasião ele proferiu o decreto dizendo aos Doze, que fossem por todo o mundo e pregassem o evangelho a toda criatura. Não resta dúvida de que Jesus deve ter-lhes dito muitas outras coisas.
Com esta são oito aparições. A nona foi a Tiago (ver I Cor. 15:7).
A décima aparição, a que o Novo Testamento se refere, foi na época da ascensão. Com referência a ela, sabemos que quarenta dias após a ressurreição, ele apareceu aos onze apóstolos. Eles aparentemente tinham ido ao Monte das Oliveiras, e lá estando, o Senhor conversou com eles a respeito da restauração do reino de Israel. Depois disso, o Salvador subiu aos céus. O relato bíblico nos diz que dois anjos apareceram aos apóstolos e disseram:
"Homens galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir." (Atos 1:11).
Por este pequeno exame, aprendemos diversas coisas importantes: sabemos que os seres ressurretos têm glória em si mesmos, que podem caminhar como os mortais que vivem sobre a terra; eles podem conversar, argumentar e ensinar como faziam quando estavam na mortalidade; que podem esconder ou manifestar sua verdadeira identidade; que podem atravessar, com seus tabernáculos corpóreos, paredes sólidas; que têm corpo de carne e ossos, que podem ser sentidos e tocados; que, se necessário, (e em ocasiões especiais) eles podem manter as cicatrizes e ferimentos que tiveram na carne; que podem comer e digerir alimentos; que podem desaparecer da vista dos mortais e transportar-se por meios que desconhecemos.
Mas agora, como podemos provar que o Pai e o Filho apareceram a Joseph Smith? Como provar a veracidade da mensagem de salvação que Jesus transmitiu àqueles apóstolos? Eis uma ilustração, e as palavras aqui mencionadas fazem parte do sermão que Pedro proferiu quando foi à casa de Cornélio, o qual havia sido visitado por um anjo e especialmente agraciado perante os olhos do Senhor. Pedro declarou:
"Nós somos testemunhas de tudo quanto fez, tanto na terra dos judeus como em Jerusalém: ao qual mataram, pendurando-o num madeiro;"
"Nós somos testemunhas de tudo quanto fez, tanto na terra dos judeus como em Jerusalém: ao qual mataram, pendurando-o num madeiro;"
"A este ressuscitou Deus ao terceiro dia e fez que foste manifesto;" "Não a todo o povo, mas às testemunhas que Deus antes ordenara; a nós, que comemos e bebemos juntamente com ele, depois que ressuscitou dos mortos." "E mandou-nos pregar ao povo, e testificar que ele é aquele que por Deus foi constituído juiz dos vivos e dos mortos." "Dele dão testemunho todos os profetas, de que pelo seu nome todos os que nele crerem receberão o perdão dos pecados." (Atos 10:39-43; grifo nosso.)
A maneira pela qual Pedro e os santos primitivos provavam que Jesus era o Filho de Deus, e que, portanto, o evangelho que ele ensinou era o plano de salvação, foi estabelecendo que o Salvador ressurgiu dentre os mortos. A maneira pela qual podemos provar que um homem pode levantar-se dos mortos porque é um ser espiritual, é prestando testemunho pelo poder do Espírito quanto ao nosso conhecimento de que ele é um ser pessoal, real e literal. Pedro poderia ter-se apresentado a uma congregação, dizendo: "Eu sei que Jesus é o Senhor, porque Isaías disse isto e mais aquilo a respeito dele, ou porque um de seus outros profetas o declarou". E ele assim fez, creio eu, citando os profetas como prova inabalável. Porém, a atitude mais majestosa que Pedro poderia tomar seria levantar-se diante do povo e dizer: "Eu sei que ele era o Filho de Deus. Estive junto dele no cenáculo. Eu o reconheci. Ele é quem ministrou entre nós por mais de três anos. Eu senti o sinal dos cravos em suas mãos e pés. Coloquei a mão em seu lado, no lugar onde a lança o feriu. Eu o vi alimentar-se — comer peixe e favos de mel. Ele tem um corpo físico. Ele declarou que seu corpo é de carne e ossos. Eu sei que é o Filho de Deus. Eu sou sua testemunha!"
A mensagem de salvação é proclamada através do testemunho, e este segmento da vida do Senhor Jesus estabelece o padrão que devemos seguir, mostrando-nos o que fazer ao levarmos a mensagem de restauração a todos os outros filhos de nosso Pai Celestial.
Como podemos provar que a mensagem da restauração é verdadeira? Ora, pregando o evangelho.
Precisamos pregar as doutrinas da salvação, pois, do contrário, as pessoas não estarão aptas a julgar, nem tampouco em posição de avaliar inteligentemente o mérito e aprova de nosso testemunho. Primeiramente devemos ensinar às pessoas o que Deus fez, em sua maravilhosa glória, na época em que vivemos. Devemos ensinar-lhes como os céus foram abertos e como ele falou novamente, restaurou a plenitude do evangelho e enviou mensageiros celestiais para conferir as chaves, poderes e autoridades aos homens. Depois de termos ensinado a verdade através das sagradas escrituras, e explicado a mensagem com clareza, tornando-a tão clara e simples quanto pudermos, segue o ato culminante e convincente que ainda falta, que é prestar nosso testemunho.
Como membros da Igreja e do reino de Deus na terra, recebemos o que chamamos de dom do Espírito Santo, o qual é o direito de contarmos com a companhia constante daquele membro da Deidade, desde que que sejamos fiéis aos convênios. Isto significa que o Espírito Santo de Deus, que é um personagem de espírito, em harmonia com as leis, as eternas leis que foram estabelecidas, falará ao espírito que existe dentro de nós, dando-nos uma certeza eterna, certeza essa que chamamos de testemunho. Ele vem ao homem por revelação do Espírito Santo de Deus.
Em nossa época, o testemunho é constituído de três coisas: Do conhecimento de que Jesus é o Senhor, de que ele é o Filho de Deus vivo que foi crucificado pelos pecados do mundo; também do fato de que Joseph Smith foi um profeta de Deus, chamado para restaurar as verdades do evangelho e ser um revelador do conhecimento de Cristo para a nossa época; e finalmente, do conhecimento de que A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias é a única igreja verdadeira e viva sobre a face da terra, o único lugar em que se pode encontrar a salvação, a organização que administra o evangelho e, portanto, a salvação aos filhos dos homens.
Nós pregamos o evangelho e depois de termos ensinado essas verdades com a maior clareza possível, prestamos testemunho, dizendo: "Eu sei." Dizemos que o Espírito Santo de Deus revelou a mim, a nós, aos santos dos últimos dias, que esta obra é verdadeira. Depois de termos ensinado o evangelho e prestado testemunho, toda pessoa que estiver em sintonia, todo indivíduo que se preparou espiritualmente para aceitar a verdade, sentirá no coração que nossas palavras são verdadeiras. Quando isso acontecer, já não será uma mera questão de argumento nem de debate; não será uma conversão intelectual. Será uma revelação do Santo Espírito de Deus.
Creio que em toda época e dispensação foi seguido esse mesmo procedimento. Creio também que temos em nossos dias algo de maior valor e importância do que já tivemos em qualquer período da história da humanidade. O Senhor nos deu o Livro de Mórmon como uma testemunha da verdade, e seu propósito é "convencer o judeu e o gentio de que Jesus é o Cristo, o Deus eterno, manifestando-se a todas as nações" (página-título do Livro de Mórmon). Ele surgiu para "provar ao mundo que as santas escrituras são verdadeiras, e que Deus inspira aos homens e os chama ao seu santo serviço, nesta época e geração, tanto quanto em gerações de tempos antigos" (D&C 20:11).
Se não pudermos encontrar algum fato na vida de Jesus Cristo que se aplique a nós, não estaremos obtendo dela todos os benefícios que estão ao nosso alcance. Devemos examinar sua vida e viver a nossa da mesma forma que ele. Devemos estudar cada episódio de sua existência e através deles aprender os conceitos e princípios que nos possibilitarão agir como ele teria feito em ocasiões semelhantes, para que possamos realizar o que foi requerido que façamos em nossa época.
Quando o próprio Salvador testificou da veracidade do Livro de Mórmon, usou a linguagem mais solene conhecida pela humanidade.
Ele fez um juramento, e disse a respeito de Joseph Smith: "Ele traduziu aquela parte do livro que eu lhe ordenei, e, assim como vive o nosso Senhor e vosso Deus, a tradução é verdadeira." (D&C 17:6).
Se estivermos na devida sintonia e entendermos os princípios implícitos nas realidades eternas de que falamos, devemos estar aptos a prestar essa mesma espécie de testemunho com referência à restauração da verdade eterna em nossos dias.
Devemos estar aptos a dizer: "O Se nhor restaurou e estabeleceu seu reino novamente entre os homens."
E sendo Deus nossa testemunha, a veracidade de nossas palavras será incontestável.