16/02/2018

Como Obter Revelação e Inspiração para a Vida Pessoal

Élder Richard G. Scott Do Quórum dos Doze Apóstolos
Conferência Geral - Abril 2012

“Por que o Senhor quer que oremos a Ele pedindo?” Porque é assim que se recebe revelação.

Fonte: Lds.org

Qualquer um que venha a este púlpito para proferir uma mensagem sente a força e o apoio dos membros em todo o mundo. Sou grato por essa mesma força vir de uma amada companheira do outro lado do véu. Obrigado, Jeanene.

O Espírito Santo comunica-nos importantes informações de que necessitamos para nos guiar na jornada da mortalidade. Quando ela é nítida, clara e essencial recebe o título de ‘revelação’. Quando ela vem por uma série de sugestões e temos de nos guiar passo a passo a um objetivo digno, até alcançarmos o propósito dessa mensagem, ela é inspiração.

Um exemplo de revelação seria aquela orientação que o Presidente Spencer W. Kimball recebeu, após sua longa e contínua súplica ao Senhor, para proporcionar o sacerdócio a todos os homens dignos da Igreja, numa época em que ele podia ser conferido somente a alguns deles.

Outro exemplo de revelação é esta orientação dada ao Presidente Joseph F. Smith: “Creio que nos movemos e vivemos na presença de mensageiros celestiais e outros seres celestes. Não há separação entre nós e eles. (…) Temos um relacionamento próximo com nossos parentes e ancestrais que foram para o mundo espiritual antes de nós. Não podemos esquecê-los; não deixamos de amá-los; sempre estarão em nosso coração, na lembrança, e por isso estamos ligados a eles por laços que não podemos romper. (…) Se isso ocorre a nós em nossa condição finita, cercados das fraquezas da mortalidade, (…) com certeza quanto mais é (…) para nós crermos que os que foram fiéis e que já passaram pelo véu (…) podem ver-nos melhor do que nós a eles; que nos conhecem melhor do que nós a eles. (…) Vivemos na presença deles, eles nos veem, preocupam-se com o nosso bem-estar, amam-nos agora mais que nunca antes. Pois agora enxergam os perigos que nos cercam; (…) daí seu amor por nós e seu desejo pelo nosso bem-estar serem muito maiores do que sentimos por nós próprios”.1

Os relacionamentos com aqueles a quem conhecemos e amamos podem ser estreitados através do véu. Isso se dá por nosso esforço contínuo de fazer o que é certo. Podemos estreitar nosso relacionamento com a pessoa que amamos ao reconhecer que a separação é temporária e que os convênios feitos no templo são eternos. Quando cumpridos consistentemente, esses convênios asseguram a eterna realização das promessas a eles inerentes.

Um caso muito nítido de revelação em minha vida ocorreu quando senti uma forte impressão do Espírito para pedir a Jeanene Watkins para ser selada a mim no templo.

Uma das grandes lições que cada um de nós precisa aprender é pedir. “Por que o Senhor quer que oremos a Ele pedindo?” Porque é assim que se recebe revelação.

Quando enfrento uma questão muito difícil, eis como procuro saber o que fazer: Eu jejuo. Eu oro para encontrar e compreender as escrituras que serão úteis. Esse é um processo cíclico. Começo por ler uma passagem de escritura; pondero sobre o significado do versículo e oro por inspiração. Em seguida, pondero e oro para saber se captei tudo o que o Senhor quer que eu faça. Em geral, outras impressões se seguem com compreensão ampliada da doutrina. Descobri que esse processo é uma boa forma de aprender com as escrituras.

Há alguns princípios práticos que ampliam a revelação. Primeiro, ceder a emoções como raiva ou mágoa ou inventar desculpas pelos erros afastará o Espírito Santo. Tais emoções devem ser eliminadas ou nossa chance de receber revelação será mínima.

Outro princípio é a cautela com o humor. O riso escandaloso e inadequado ofende o Espírito. Risos comedidos convidam a revelação; mas o riso escandaloso não. O senso de humor adequado ajuda à revelação, mas o riso escandaloso não. Senso de humor é uma válvula de escape para as pressões da vida.

Outro inimigo da revelação é o exagero e a estridência na maneira de nos expressar. A fala cautelosa e mansa favorece o recebimento da revelação.

Por outro lado, a comunicação espiritual pode ser ampliada por meio de práticas saudáveis. Exercitar-se, dormir o suficiente e ter bons hábitos alimentares aumentam nossa capacidade de receber e entender a revelação. Viveremos pelo tempo que nos for designado. Entretanto, podemos melhorar tanto a qualidade de nosso serviço quanto o nosso bem-estar por meio de escolhas cuidadosas e apropriadas.

É importante que nossas atividades diárias não perturbem a nossa capacidade de ouvir o Espírito.

A revelação pode-nos ser dada também em um sonho, quando há uma transição quase imperceptível do sono para o despertar. Se procurarmos capturar seu conteúdo de imediato, podemos registrá-la nos mínimos detalhes, mas se não o fizermos, ela se apaga rapidamente. A comunicação inspirada à noite é em geral acompanhada de um sentimento sagrado. O Senhor usa pessoas por quem nutrimos grande respeito para ensinar-nos verdades em sonhos, porque confiamos nelas e ouviremos seus conselhos. É o Senhor ensinando por meio do Espírito Santo. No entanto, Ele pode fazer com que no sonho seja mais fácil entendermos ou que toque nosso coração ao sermos ensinados por alguém a quem amamos e respeitamos.

Se for para atender aos propósitos do Senhor, Ele pode trazer a nossa memória tudo o que já nos ocorreu. Isso não deve enfraquecer nossa determinação de registrarmos as impressões do Espírito. Esse registro detalhado da inspiração mostra a Deus que Suas comunicações são sagradas para nós e também ampliará nossa habilidade de recapturá-las. Tais registros de orientação pelo Espírito devem ser protegidos contra perdas ou a intromissão de outras pessoas.

As escrituras dão-nos eloquente confirmação de como a verdade, quando vivida com consistência, abre as portas à inspiração para sabermos o que fazer e, quando necessário, termos a capacidade pessoal ampliada pelo poder divino. As escrituras descrevem como a capacidade pessoal de vencer uma dificuldade, dúvida ou desafios aparentemente invencíveis é ampliada pelo Senhor em épocas de necessidade. Ao ponderar sobre tais exemplos, você terá uma serena confirmação por meio do Espírito Santo de que tais experiências são verdadeiras. E você saberá que uma ajuda semelhante está a sua disposição.

Já vi pessoas vencerem desafios que estavam além de sua capacidade, porque confiaram no Senhor e souberam que Ele as guiaria a soluções que eram necessárias urgentemente.

O Senhor declarou: “Sereis ensinados do alto. Santificai-vos e sereis investidos de poder, para que ensineis como falei”.2 As palavras santificai-vos podem soar estranhas. O Presidente Harold B. Lee explicou certa vez que podemos substituir essas palavras pela expressão “guardai meus mandamentos”. Lido dessa forma, o conselho parece mais claro.3

A pessoa deve estar sempre limpa mental e fisicamente e ter pureza de intenção para que o Senhor a inspire. Aquele que é obediente aos Seus mandamentos tem a confiança do Senhor. Tal pessoa tem acesso a Sua inspiração para saber o que fazer e, se necessário, o poder de fazê-lo.

Para que a espiritualidade se fortaleça e esteja mais disponível, ela deve ser plantada em um ambiente de retidão. A altivez, o orgulho e a presunção são solo rochoso que nunca dará frutos espirituais.

A humildade é o solo fértil onde a espiritualidade cresce e produz os frutos da inspiração para sabermos o que fazer. Ela dá acesso ao poder divino para realizar o que for necessário. A pessoa motivada pelo desejo de elogios ou reconhecimento não estará qualificada para ser ensinada pelo Espírito. O arrogante ou aquele que deixa as emoções influenciarem suas decisões não será guiado com poder pelo Espírito.

Quando agimos como instrumentos para abençoar outros, podemos ser inspirados mais facilmente do que quando pensamos só em nós mesmos. Enquanto nos empenhamos em ajudar os outros, o Senhor pode acrescentar orientação para nosso próprio benefício.

Nosso Pai Celestial não nos mandou à Terra para fracassarmos, mas sim para triunfarmos gloriosamente. Pode parecer um paradoxo, mas é por isso que o reconhecimento de resposta às orações pode ser às vezes difícil. Às vezes tentamos tolamente enfrentar a vida dependendo de nossa experiência e capacidade. É muito mais sábio procurarmos saber o que fazer por meio da oração e da inspiração divina. Nossa obediência garante que, se for necessário, nos qualifiquemos a ter o poder divino para realizar um objetivo inspirado.

Como muitos de nós, Oliver Cowdery não reconheceu a evidência das respostas à oração já dadas pelo Senhor. Para abrir os olhos dele, assim como os nossos, esta revelação foi dada por meio de Joseph Smith:

“Bem-aventurado és pelo que fizeste; porque me procuraste e eis que, tantas vezes quantas inquiriste, recebeste instruções de meu Espírito. Se assim não fora, não terias chegado ao lugar onde agora estás.

Eis que tu sabes que me inquiriste e que te iluminei a mente; e agora te digo estas coisas para que saibas que foste iluminado pelo Espírito da verdade”.4

Se você sentir que Deus não respondeu a suas orações, pondere nessas escrituras — depois procure cuidadosamente em sua própria vida evidências de que Ele já lhe respondeu.

Dois indicadores de que um sentimento ou uma inspiração veio de Deus são a paz no coração e um sentimento cálido e tranquilo. Ao seguir os princípios aqui debatidos, estaremos preparados para reconhecer a revelação em momentos críticos de nossa própria vida.

Quanto mais de perto seguirmos a orientação divina, maior será a nossa felicidade aqui e na eternidade — além do que, mais abundante será nosso progresso e nossa capacidade de servir. Não compreendo plenamente como isso se dá, mas essa orientação em nossa vida não nos tira o arbítrio. Podemos ainda tomar as decisões que quisermos. Mas, lembremo-nos que a disposição de fazer o certo traz paz de espírito e felicidade.

Se errarmos, podemos nos arrepender. Quando as condições do arrependimento são plenamente satisfeitas, a Expiação de Jesus Cristo, nosso Salvador, livra-nos das exigências da justiça relativas aos erros cometidos. É maravilhosamente simples e de uma beleza incomparável. Ao continuarmos a viver em retidão, sempre seremos inspirados a saber o que fazer. Às vezes, saber o que fazer pode exigir significativo esforço e confiança de nossa parte. No entanto, seremos inspirados a saber o que fazer, se atendermos às condições para receber orientação divina em nossa vida, ou seja, obediência aos mandamentos do Senhor, confiança em Seu divino plano de felicidade e afastamento de tudo o que for contrário a isso.

A comunicação com nosso Pai Celestial não é uma questão trivial. É um privilégio sagrado e baseia-se em princípios eternos e imutáveis. Recebemos ajuda de nosso Pai Celeste em resposta a nossa fé, obediência e pelo uso adequado do arbítrio.

Que o Senhor nos inspire para que compreendamos e usemos os princípios que levam à revelação e à inspiração pessoal, em nome de Jesus Cristo. Amém.

Referências:

  1. Joseph F. Smith, em Conference Report, abril de 1916, pp. 2 e 3; ver também Doutrina do Evangelho, 1975, pp. 394–395. Tradução atualizada.
  2. Doutrina e Convênios 43:16.
  3. Ver Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Harold B. Lee, 2000, p. 34.
  4. Doutrina e Convênios 6:14–15.