02/12/2019

O que as Escrituras nos revelam ...

Robert J. Matthews

O Dr. Matthews é professor-assistente da cadeira de Escrituras Antigas da Universidade de Brigham Young e trabalha no Comitê de Correlação de Adultos da Igreja.
Texto publicado em A Liahona - Ed. abril 1975

O que as Escrituras nos revelam a respeito da astrologia, adivinhações,  médiuns espíritas,  magias, feitiçaria e necromancia

Nos últimos anos, tem aumentado o Interesse, no mundo ocidental, pelas religiões ocultas e místicas. Não se trata do reavivamento da característica de espiritualidade dos antigos patriarcas e profetas de Israel, mas sim de um tipo de feitiçaria mágica e espiritualista que os verdadeiros profetas combatiam vigorosamente. O Senhor falou, por exemplo, através de Moisés:

“Não vos virareis para os adivinhadores e encantadores; não os busqueis, contaminando-vos com eles; Eu sou o Senhor vosso Deus." (Levítico 19:31.)

E também:

“Quando entrares na terra que o Senhor teu Deus te der, não aprenderás a fazer conforme as abominações daquelas nações.

Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo seu filho ou sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro;

Nem encantador, nem quem consulte um espírito familiar, nem mágico, nem quem consulte os mortos;
Pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor; e por estas abominações o Senhor teu Deus os lança fora de diante de ti.

Perfeito serás para com o Senhor teu Deus.

Porque estas nações, que hás de desapossar, ouvem os prognosticadores e os adivinhos; porém a ti o Senhor teu Deus não permitiu tal coisa.” (Deuteronômio 18:9-14.)

Vemos claramente, por essa passagem, que as crenças em astrologia, médiuns, espíritas, etc., não constituíam a verdadeira religião ensinada pelos profetas e patriarcas, mas eram características das falsas religiões praticadas pelos países circunvizinhos que se haviam afastado do Senhor.

Entretanto, o impacto total das instruções de Moisés a Israel somente pode ser apreciado pelo estudo do versículo seguinte, que diz:

“O Senhor teu Deus te levantará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis;” (Deuteronômio 18:15.)

Assim, a mensagem da Escritura toda é que Israel não deveria procurar quiromantes nem astrólogos, para obter orientação espiritual, pois o Deus dos céus falaria ao seu povo através de seus servos designados, os profetas. Moisés foi um deles.

A passagem faz alusão direta a Cristo, de quem todos os profetas testificaram, e o qual é o exemplo supremo de um verdadeiro profeta. Devido à referência a Jesus, citam os muitas vezes o versículo 15 isoladamente, mas, ao assim fazermos, perdemos o contraste feito entre os verdadeiros e os falsos profetas. As superstições pagãs aparecem para simular os verdadeiros dons que os profetas, videntes e reveladores apontados por Deus possuíam.


Fonte: churchofjesuschrist.org
Isaías também discute este assunto:

“Quando, pois, vos disserem: Consultai os adivinhos e os encantadores que, chilreando entre dentes, murmuram: Porventura não perguntará o povo a seu Deus? Ou perguntar-se-á pelos vivos aos mortos?

À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva.” (Isa. 8:19-20.)

A superioridade dos verdadeiros profetas sobre os astrólogos, adivinhos e encantadores é ilustrada na experiência de Daniel com os caldeus:

“E o rei mandou chamar os magos, e os astrólogos, e os encantadores, e os caldeus, para que declarassem ao rei os seus sonhos; e eles vieram e se apresentaram diante do rei.

E o rei lhes disse: Sonhei um sonho; e para saber o sonho está perturbado o meu espírito...

(mas), o assunto me tem escapado....

Responderam os caldeus na presença do rei, e disseram: Não há ninguém sobre a terra que possa declarar a palavra ao rei; pois nenhum rei há, nobre ou governante, que requeresse coisa semelhante de algum mago, ou astrólogo, ou caldeu. 

Porque a coisa que o rei requer é difícil; e ninguém há que a possa declarar diante do rei, senão os deuses, cuja morada não é com a carne....

Então foi revelado o segredo a Daniel numa visão de noite; então Daniel louvou ao Deus do céu. 

Falou Daniel, e disse: Seja bendito o nome de Deus de eternidade em eternidade, porque dele são a sabedoria e a força; ...

Ó Deus de meus pais, te louvo e celebro eu, porque me destes sabedoria e força; e agora me fizeste saber o que te pedimos, porque nos fizeste saber a questão do rei ... 

Respondeu Daniel na presença do rei, e disse: O segredo que o rei requer nem sábios, nem astrólogos, nem magos, nem adivinhos o podem declarar ao rei;

Mas há um Deus nos céus, o qual revela os segredos; ele, pois, fez saber ao rei Nabucodonosor o que há de ser nos últimos dias ...” (Ver Daniel 2:2-28.)

Da mesma forma Moisés e Aarão tiveram maior poder do que os magos egípcios. (Ver Êxodo 7:10:12.)

O reino do norte de Israel não deu ouvidos às admoestações dos verdadeiros profetas e começou a praticar as falsas religiões de seus vizinhos, principalmente a da corrupta rainha Jezebel, mulher fenícia, esposa de um rei israelita, Aab. Que essas falsas religiões praticavam as adivinhações e os encantamentos, sabemos através de II Reis 17:16-18:

“E deixaram todos os mandamentos do Senhor seu Deus, e fizeram imagens de fundição, dois bezerros, e fizeram um poste-ídolo, e se prostraram perante todo o exército do céu, e serviram a Baal.

Também fizeram passar pelo fogo seus filhos e suas filhas, e deram-se a adivinhações, e creram em agouros, e venderam-se para fazer o que parecia mal aos olhos do Senhor, para o provocarem à ira.

Pelo que o Senhor muito se indignou com Israel, e os tirou de diante da sua face; nada mais ficou, senão somente a tribo de Judá. Como consequência disso, Israel logo sucumbiu à força do conquistador exército assírio.”

Aproximadamente um século mais tarde, o bom rei Josias promoveu uma reforma muito necessária no reino do sul de Judá, e lemos que ele ...

“Também eliminou os sacerdotes que os reis de Judá ... os que incensavam a Baal, ao sol, e à lua, e aos planetas, e a todo o exército dos céus. 

E também os adivinhos, e os feiticeiros, e os terafins, e os ídolos, e todas as abominações que se viam na terra de Judá e em Jerusalém, os extirpou Josias, para confirmar as palavras da lei, que estavam escritas no livro que o sacerdote Hilquias achara na casa do Senhor.”   (II Reis 23:5, 24.)

Nos tempos do Novo Testamento, enquanto Paulo fazia o trabalho missionário na ilha de Chipre, Elimas, um “mágico falso, profeta", não somente se opôs aos ensinamentos de Paulo, mas também procurou apartar da fé o procônsul (da ilha). Então Paulo, “cheio do Espírito Santo, e fixando os olhos nele, disse: Ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perturbar os retos caminhos do Senhor?” (Atos 13:6-10.)

Não pode haver erros quanto ao que Paulo sentiu a respeito desse representante dos encantamentos.

Mais tarde, em Éfeso, a pregação de Paulo resultou na conversão de muitas pessoas ao Evangelho de Jesus Cristo, de modo que: 

“E muitos dos que criam vinham, confessando e publicando os seus feitos.

Também muitos dos que seguiam artes mágicas trouxeram os seus livros, e os queimaram na presença de todos e, feita a conta do seu preço, acharam que montava a cinquenta mil peças de prata.” (Atos 19:18-20.)

Quando essas pessoas entraram para o verdadeiro aprisco do Senhor, não mais desejaram nem precisaram dos livros das “artes mágicas" que eram, aparentemente os manuais que continham os artifícios das falsas religiões.

A participação voluntária nestas formas de adoração supersticiosa constitui pecado, como aconselhou o Profeta Samuel ao rei Saul...” a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniquidade e idolatria . . .” (1 Samuel 15:23.) O registro bíblico também mostra que Saul perdeu o espírito do Senhor, quando se envolveu com o espiritualismo. (Ver 1 Samuel 28:1-20.)

Finalmente, Paulo escreveu aos Gálatas que a “feitiçaria" é uma das obras da carne”, das quais deverão afastar-se aqueles que têm o Espírito do Senhor. (Vide Gálatas 5:19-21.)

As Escrituras mostram que os encantamentos e as artimanhas dos feiticeiros, dos médiuns e dos necromantes são características das falsas religiões e superstições do mundo, e que aqueles que os praticam estão efetivam ente competindo com os verdadeiros apóstolos e profetas. Todos aqueles que estão em comunhão com o espírito e a fé em Jesus Cristo não deverão dar ouvidos a quaisquer formas de adivinhações e feitiçaria espiritual.