Presidente Thomas S. Monson
Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência
Vocês, jovens da Igreja, são um grupo glorioso, uma geração escolhida. Fazem-me lembrar das palavras escritas pelo poeta Henry Wadsworth Longfellow:
Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência
Vocês, jovens da Igreja, são um grupo glorioso, uma geração escolhida. Fazem-me lembrar das palavras escritas pelo poeta Henry Wadsworth Longfellow:
Quão bela é a juventude! Quão fulgurante é seu brilho
Com suas ilusões, aspirações, sonhos!
Um livro de inícios, uma História sem Fim,
Onde toda donzela é heroína, todo homem, um amigo.1
Há apenas 20 anos, muitos de vocês ainda não tinham iniciado sua jornada na mortalidade. Viviam em um lar celestial. Conhecemos relativamente pouco acerca dos detalhes de sua existência ali, tudo o que sabemos é que estávamos entre pessoas que nos amavam e que estavam preocupadas com nosso bem-estar eterno. Então, chegou o momento em que a vida terrena tornou-se necessária ao nosso progresso. Certamente houve despedidas, manifestações de confiança e uma cerimonia de formatura para nossa passagem para a mortalidade.
Uma grande comemoração esperava cada um de nós! Pais amorosos nos receberam com alegria em nosso novo lar terreno. Recebemos cuidados carinhosos e abraços amorosos sempre que precisávamos. Alguém descreveu um recém-nascido como “um tenro e querido botão de humanidade, que acabou de
cair da própria morada divina para florescer aqui na Terra”. 2
Aqueles primeiros anos foram preciosos e especiais. Satanás não tinha poder de tentar-nos. Ainda não nos havíamos tornado responsáveis e éramos inocentes perante Deus. Foram anos de aprendizado.
Entramos então na época que alguns consideram a “terrível adolescência”. Eu prefiro dizer a “maravilhosa adolescência”. É uma época de oportunidades, uma fase de crescimento, um período de desenvolvimento, caracterizado pela aquisição de conhecimento e pela busca da verdade.
Ninguém jamais descreveu esses anos como sendo fáceis. Na verdade, eles estão tornando-se cada vez mais difíceis. O mundo parece ter-se soltado das amarras e se afastado do porto seguro da paz. A permissividade, a imoralidade, a pornografia e a força da pressão dos colegas fazem com que muitos sejam lançados de um lado para o outro num mar de pecados e se arrebentem contra os afiados recifes das oportunidades perdidas, da privação das bênçãos e dos sonhos desfeitos.
Angustiados, perguntamos: “Existe um caminho que nos leve a um lugar seguro? Alguém pode guiar-nos? Há um modo de escapar da destruição que nos ameaça?”
A resposta é um retumbante sim! Meu conselho é: Olhem para o farol do Senhor. Não há neblina tão densa, noite tão escura, vendaval tão forte nem marinheiro tão perdido que seu facho de luz não possa resgatar. Ele nos chama, dizendo: “Este é o caminho para a segurança; esta é a senda de volta para casa”.
Imagens de Cristo, Heinrich Hofman; Ilustração de Sam Lawlor |
O farol do Senhor envia sinais facilmente reconhecíveis e que nunca falham. Gostaria de citar três desses sinais que, caso sejam seguidos, irão guiar-nos em meio às tormentas da vida:
1. Escolham seus amigos com cuidado.
2. Planejem o futuro com um propósito em vista.
3. Pautem sua vida pela fé.
EM PRIMEIRO LUGAR, ESCOLHAM SEUS AMIGOS COM CUIDADO.
Em uma pesquisa feita há alguns anos em um grupo selecionado de alas e estacas da Igreja, aprendemos algo muito significativo. As pessoas cujos amigos se casaram no templo geralmente se casam no templo, enquanto que as pessoas cujos amigos não se casaram no templo geralmente não o fazem. A influência dos amigos parece ser igual à dos pais e mais marcante do que as instruções dadas em sala de aula ou a proximidade do templo.
Temos a tendência de tornar-nos semelhantes às pessoas que admiramos. Assim como no clássico de Nathaniel Hawthorne, “The Great Stone Face”, adotamos os hábitos, as atitudes e até o comportamento daqueles que admiramos, e que geralmente são os nossos amigos. Façam amizade com pessoas que, como vocês, estejam almejando não apenas confortos temporários, metas superficiais ou objetivos egoístas, mas, sim, aquilo que mais importa, ou seja, objetivos eternos.
Não apenas o seu modo de pensar e seu comportamento serão em muito influenciados por seu círculo de amigos, como vocês também irão influenciá-los. Muitos não-membros filiam-se à Igreja por causa de amigos que os convidaram a participar das atividades da Igreja.
Quero contar a vocês uma preciosa experiência de família, que remonta a 1959, quando fui chamado para presidir a Missão Canadense, sediada em Toronto.
Nossa filha Ann fez cinco anos de idade pouco depois de chegarmos ao Canadá. Ela viu os missionários saindo para trabalhar e também quis ser uma missionária. Minha mulher atendeu a seu desejo permitindo que ela levasse para a escola alguns exemplares da revista da Igreja Children’s Friend. Mas isso não bastava para Ann. Ela quis levar também o seu Livro de Mórmon, para poder falar com sua professora, a Srta. Pepper, a respeito da Igreja. Senti grande emoção quando, há poucos anos, muito tempo depois de termos retornado de Toronto, voltamos para casa das férias e encontramos em nossa caixa postal um bilhete da Srta. Pepper dizendo o seguinte:
“Querida Ann,
Procure lembrar-se do que aconteceu há muitos anos. Fui sua professora em Toronto, Canadá. Fiquei impressionada com as revistas que você levava para a escola. Fiquei muito impressionada com sua devoção a um livro chamado Livro de Mórmon.
Prometi a mim mesma que um dia iria até Salt Lake City para saber por que você falava aquelas coisas e por que acreditava daquela maneira nessas coisas. Tive hoje o privilégio de conhecer seu centro de visitantes da Praça do Templo. Graças a uma menina de cinco anos que tinha entendimento daquilo em que acreditava, hoje compreendo melhor A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.”
A Srta. Pepper faleceu pouco tempo depois dessa visita. Minha filha Ann ficou muito contente de poder ir ao Templo Jordan River Utah para realizar o trabalho do templo por aquela querida professora com quem fizera amizade há tanto tempo.
EM SEGUNDO LUGAR, PLANEJEM O FUTURO COM UM PROPÓSITO EM VISTA
No clássico de Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas, Alice chega a uma encruzilhada onde há dois caminhos diante dela, seguindo em direções opostas. Aparece-lhe, então, o Gato Risonho, a quem Alice pergunta: “Que caminho devo tomar?”
O gato responde: “Isso depende do lugar aonde quer chegar. Se não sabe para onde quer ir, então pouco importa o caminho que irá tomar”.3
Ao contrário de Alice, todos sabemos para onde queremos ir. O caminho que iremos tomar na vida é de extrema importância, pois ele seguramente nos levará para a senda que iremos tomar a seguir.
Peço-lhes encarecidamente, meus jovens irmãos e irmãs, que lembrem quem vocês são. Vocês são filhos e filhas do Deus Todo-Poderoso. Têm um destino a cumprir, uma vida pela frente, uma contribuição a fazer, uma meta a cumprir. O futuro do reino de Deus na Terra será, em parte, auxiliado por sua devoção.
Lembrem-se de que a sabedoria de Deus pode parecer loucura para os homens, mas a maior lição que podemos aprender na mortalidade é que quando Deus fala e nós obedecemos, sempre estaremos certos. Algumas pessoas tolas voltam as costas para a sabedoria de Deus e seguem a sedução da moda volúvel, a atração da falsa popularidade e a emoção do momento. Sua conduta se assemelha à desastrosa ação de Esaú, que trocou sua primogenitura por um prato de lentilhas.4
E quais são os resultados dessa atitude? Testifico a vocês que afastar-nos de Deus nos leva a convênios quebrados, sonhos desfeitos, anseios não realizados, planos dissolvidos, expectativas frustradas, esperanças perdidas, paixões mal direcionadas, um caráter corrompido e uma vida miserável.
Peço-lhes que fujam desse poço de areia movediça. Vocês são jovens de nobre estirpe. Sua meta é a exaltação no reino celestial.
Essa meta não é alcançada numa única tentativa gloriosa, mas, sim, como resultado de toda uma vida de retidão, uma seqüência cumulativa de decisões sábias, sim, uma constância de propósito. Tal como a cobiçada nota dez no boletim, a recompensa da vida eterna exige muito esforço. A nota dez é o resultado final de todos os exercícios, questionários, aulas, provas, projetos de estudo e trabalhos. Por isso, cada aula na Igreja, cada oração, cada encontro, cada amigo, cada baile, todas essas coisas precedem a meta do casamento no templo, aquele gigantesco passo em direção à nota dez no boletim de nossa vida.
Nossa meta é esforçar-nos para alcançar a perfeição. Lembrem, porém, que nosso objetivo na vida não é estarmos à frente dos outros, mas, sim, superarmos a nós mesmos. Quebrar nosso próprio recorde, superar nossas marcas, suportar nossas provações de modo mais perfeito do que jamais imagináramos ser capazes de fazer, ter um desempenho melhor do que jamais tivemos, realizar nosso trabalho com mais vigor do que jamais conseguimos fazer, e desenvolver maior capacidade do que nunca, essas são as nossas metas. E para cumprir essa tarefa, nossa atitude se revela na determinação de aproveitarmos ao máximo as nossas oportunidades. Temos que dar as costas às tentadoras seduções e armadilhas que nos são tão astuta e cuidadosamente oferecidas pelo adversário. Há dois séculos, Edward Young disse que a “procrastinação é o ladrão do tempo”. 5 Na verdade, a procrastinação é muito mais que isso. Ela rouba-nos o auto-respeito. Ela nos importuna e estraga nossa alegria. Priva-nos da realização plena de nossas ambições e esperanças. Sabendo disso, devemos acordar para a realidade com a certeza segura de que “este é o meu dia de oportunidades. Não o desperdiçarei”.
Talvez o Apóstolo Paulo tivesse nossa época em mente quando ensinou aos santos de Corinto que a vida é muito semelhante a uma corrida. Ele disse: “Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis”.6
O autor do livro de Eclesiastes também escreveu sobre esse tema: “Não é dos ligeiros a carreira, nem dos fortes a batalha”7, mas daquele que persevera até o fim.
A corrida da vida não é opcional. Estamos correndo na pista, quer seja essa a nossa vontade ou não. Alguns perdem de vista a meta à frente e seguem por desvios penosos que conduzem ao desapontamento e à frustração. Outros claramente enxergam o prêmio por correrem bem e permanecem firmes na busca. Esse prêmio, esse elevado e desejado objetivo, consiste em nada mais nada menos do que a vida eterna na presença de Deus.
A arca do tesouro de conhecimento e inspiração estará aberta para vocês, se planejarem para o futuro com um propósito em vista.
EM TERCEIRO LUGAR, PAUTEM SUA VIDA PELA FÉ.
Em meio à confusão de nossa época, aos conflitos de consciência e o tumulto do dia-a-dia, uma fé inabalável torna-se uma âncora em nossa vida.
Se buscarmos o Pai Celestial em oração pessoal e familiar, nós e nossos entes queridos desenvolveremos aquilo que o grande estadista inglês, William E. Gladstone, descreveu como a coisa de que o mundo mais necessita: “Uma fé viva em um Deus real”. Essa fé iluminará nosso caminho como o farol do Senhor.
Se tiverem uma fé inabalável no Deus vivo, se suas ações externas expressarem suas convicções íntimas, vocês terão a força combinada das virtudes externas e internas. Juntas elas lhes proporcionarão um caminho seguro em meio aos mares mais bravios que venham a encontrar na vida.
Onde quer que estejamos, nosso Pai Celestial pode ouvir e responder nossas orações feitas com fé.
Há muitos anos, em minha primeira visita à famosa vila de Sauniatu, em Samoa, tão querida pelo Presidente David O. McKay, minha mulher e eu nos reunimos com uma grande multidão de criancinhas, quase 200 no total.
Ao término de nossas mensagens para aqueles tímidos mas lindos jovens, sugeri ao professor samoano que procedêssemos ao encerramento. Quando ele anunciou o último hino, senti-me compelido a cumprimentar pessoalmente cada uma daquelas crianças. Vi no relógio que não tinha tempo suficiente para esse privilégio, pois tínhamos um vôo marcado para fora do país, por isso não dei atenção àquele sentimento. Antes da última oração, senti novamente que devia apertar a mão de cada uma das crianças. Expressei meu desejo ao professor, que abriu um grande e belo sorriso samoano. Em sua língua natal, ele fez o anúncio às crianças. Elas manifestaram radiantes a sua aprovação.
O professor então contou-me o motivo da alegria que ele e as crianças estavam sentindo. Ele disse: “Quando soubemos que um membro do Conselho dos Doze viria visitar-nos aqui em Samoa, que fica tão longe da sede da Igreja, eu disse às crianças que se orassem com sinceridade e exercessem uma fé como a dos antigos relatos da Bíblia, o Apóstolo visitaria nossa pequena vila de Saniatu e pela fé das crianças seria inspirado a cumprimentar pessoalmente cada uma delas com um aperto de mão”. Não conseguimos reter as lágrimas quando aqueles maravilhosos meninos e meninas caminharam timidamente até nós e sussurraram o doce cumprimento samoano: “talofa lava”. Uma profunda expressão de fé tinha sido manifestada.
Lembrem-se de que a fé e a dúvida não podem coexistir na mente ao mesmo tempo, porque uma repele a outra.
Se a dúvida vier bater à nossa porta, simplesmente digam àqueles pensamentos céticos, perturbadores e rebeldes: “Quero ficar com minha fé, com a fé do meu povo. Sei que nela há felicidade e contentamento, por isso proíbo vocês, pensamentos agnósticos e céticos, de destruírem a morada de minha fé. Reconheço que não compreendo o processo da criação, mas aceito sua realidade. Concordo que não posso explicar os milagres da Bíblia, tampouco me proponho a fazê-lo, mas aceito a palavra de Deus. Não conheci Joseph pessoalmente, mas creio nele. Não recebi minha fé por meio da ciência e não permitirei que a assim chamada ciência a destrua”.
Oro para que sempre pautem sua vida pela fé.
Se vocês, meus queridos jovens amigos, escolherem seus amigos com cuidado, planejarem o futuro com um propósito em vista e pautarem sua vida pela fé, terão direito à companhia do Santo Espírito. Terão então “um perfeito esplendor de esperança”8 e testificarão por experiência própria a veracidade da promessa do Senhor: “Eu, o Senhor, sou misericordioso e benigno para com aqueles que me temem e deleito-me em honrar aqueles que me servem em retidão e em verdade até o fim. Grande será sua recompensa e eterna sua glória”.9
O farol do Senhor nos proporciona o caminho infalível. Que possamos seguir os sinais orientadores que ele envia a todos nós, para que encontremos nosso caminho seguro de volta para casa.
NOTAS
1. Henry Wadsworth Longfellow, “Morituri Salutamus”.
2. Gerald Massey, The Home Book of Quotations, selecionadas
por Burton Stevenson (1934), p. 121.
3. Ver Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas (1992), p. 89.
4. Ver Gênesis 25:29–34.
5. John Bartlett, Familiar Quotations, 14a edição (1968), p. 399.
6. I Coríntios 9:24.
7. Eclesiastes 9:11.
8. 2 Néfi 31:20.
9. D&C 76:5–6.
8. 2 Néfi 31:20.
9. D&C 76:5–6.