09/10/2016

Aceitar a Vontade e o Tempo do Senhor


Élder David A. Bednar

Do Quórum dos Doze Apóstolos

Extraído de um devocional do Sistema Educacional da Igreja, intitulado “That We Migh ‘Not… Shrink’” [Para Que Não… Recuemos], que foi proferido na Universidade do Texas, em Arlington, em três de março de 2013.

A forte fé no Salvador aceita com submissão a vontade e o tempo Dele em nossa vida — mesmo que o resultado não seja o que esperávamos ou desejávamos.

Christ in Gethsemane
Detalhe de Cristo Orando no Getsêmani, de Harry Anderson

O Élder Neal A. Maxwell (1926–2004) foi um amado discípulo do Senhor Jesus Cristo. Serviu como membro do Quórum dos Doze Apóstolos por 23 anos, de 1981 a 2004. O poder espiritual de seus ensinamentos e de seu exemplo de discipulado fiel abençoaram e continuam a abençoar de modo marcante os membros da Igreja restaurada do Salvador e as pessoas do mundo inteiro.

Em outubro de 1997, minha mulher e eu recepcionamos o Élder e a irmã Maxwell na Universidade Brigham Young–Idaho (que na época se chamava Ricks College). O Élder Maxwell ia falar aos alunos, funcionários e professores em um devocional.

Naquele mesmo ano, o Élder Maxwell havia passado 46 dias e noites sendo submetido a uma debilitante quimioterapia devido à leucemia. Sua reabilitação e terapia contínua progrediram positivamente entre abril e agosto, mas a força física e a disposição do Élder Maxwell estavam limitadas quando ele viajou para Rexburg. Depois de receber o Élder e a irmã Maxwell no aeroporto, Susan e eu os levamos de carro para nossa casa a fim de que descansassem e fizessem uma refeição leve antes do devocional.

Perguntei ao Élder Maxwell que lições ele havia aprendido ao longo de sua enfermidade. Sempre me lembrarei da resposta precisa e pungente que ele deu. “Dave”, disse ele, “aprendi que não recuar é mais importante do que sobreviver”.

Sua resposta à minha pergunta era um princípio sobre o qual ele havia adquirido extensa experiência pessoal durante a quimioterapia. Em janeiro de 1997, no dia marcado para ele começar sua nova rodada de tratamento, o Élder Maxwell olhou para a esposa, estendeu o braço para pegar-lhe a mão, deu um suspiro profundo e disse: “Simplesmente não quero recuar”.

Em sua mensagem proferida na Conferência Geral de 1997, o Élder Maxwell ensinou com grande autenticidade: “Ao confrontarmos nossas próprias (…) provações e tribulações, também podemos suplicar ao Pai, como fez Jesus, que ‘não [queremos] (…) recuar’ — que significa retroceder ou retrair (D&C 19:18). Não recuar é muito mais importante do que sobreviver! Além disso, partilhar da taça amarga sem que nos tornemos amargos também faz parte de nosso empenho de imitar o que fez Jesus”. 1

As escrituras referentes ao sofrimento do Salvador quando ofereceu o infinito e eterno sacrifício expiatório tornaram-se ainda mais tocantes e significativas para mim.

“Pois eis que eu, Deus, sofri essas coisas por todos, para que não precisem sofrer caso se arrependam;

Mas se não se arrependerem, terão que sofrer assim como eu sofri;

Sofrimento que fez com que eu, Deus, o mais grandioso de todos, tremesse de dor e sangrasse por todos os poros; e sofresse, tanto no corpo como no espírito — e desejasse não ter de beber a amarga taça e recuar —

Todavia, glória seja para o Pai; eu bebi e terminei meus preparativos para os filhos dos homens” (D&C 19:16–19).

O Salvador não recuou no Getsêmani nem no Gólgota.

O Élder Maxwell também não recuou. Aquele vigoroso apóstolo prosseguiu com firmeza e foi abençoado com tempo adicional na mortalidade para amar, servir, ensinar e testificar. Os últimos anos de sua vida foram um enfático e notável exemplo de discipulado dedicado — tanto em palavras quanto em ações.

Creio que a maioria de nós provavelmente esperaria que um homem com a capacidade espiritual, experiência e estatura do Élder Maxwell encarasse uma doença grave e a morte com a compreensão do plano de felicidade de Deus, com segurança, graça e dignidade. Mas testifico que essas bênçãos não são privilégio exclusivo das Autoridades Gerais ou de um grupo seleto de membros da Igreja.

Desde meu chamado para o Quórum dos Doze, minhas designações e viagens me permitiram conhecer santos dos últimos dias do mundo inteiro que são fiéis, corajosos e valorosos. Quero contar-lhes sobre um rapaz e uma moça que abençoaram minha vida e me ajudaram a aprender lições espirituais de importância vital sobre não recuar e sobre permitir que nossa existência seja “absorvida pela vontade do Pai” (Mosias 15:7).

O relato é verdadeiro e as pessoas são reais. Contudo, não utilizarei o nome verdadeiro dos envolvidos. Com a permissão deles, também uso algumas declarações de seus diários pessoais.

“Não Se Faça a Minha Vontade, Mas a Tua”.

John é um digno portador do sacerdócio e serviu fielmente como missionário de tempo integral. Depois de voltar da missão, namorou uma moça justa e maravilhosa chamada Heather e casou-se com ela. John tinha 23 anos e Heather tinha 20 no dia em que foram selados para esta vida e para toda a eternidade na casa do Senhor.
John in a hospital bed
Ilustrações: Ben Sowards


Aproximadamente três semanas depois de seu casamento no templo, um câncer ósseo foi diagnosticado em John. Como foram descobertos nódulos cancerosos nos pulmões, o prognóstico não era bom.

John escreveu em seu diário: “Foi o dia mais aterrador de minha vida. Não apenas porque me anunciaram que eu tinha câncer, mas também porque tinha acabado de casar e sentia que havia falhado como marido. Eu era o provedor e o protetor de nossa família recém-constituída, e agora — após três semanas nesse papel — senti que havia fracassado”.

Heather observou: “Foram notícias arrasadoras, e lembro como isso alterou enormemente nossas perspectivas. Eu estava na sala de espera do hospital, escrevendo bilhetes de agradecimento do casamento, enquanto aguardava os resultados dos exames de John. Mas, ao saber do câncer, as panelas e talheres deixaram de ser importantes. Foi o pior dia de minha vida, mas me lembro de que fui me deitar naquela noite sentindo gratidão por nosso selamento no templo. Embora os médicos tivessem dado a John apenas 30% de chance de sobrevivência, eu sabia que se permanecêssemos fiéis eu teria 100% de chance de estar com ele para sempre”.

Aproximadamente um mês depois, John começou a quimioterapia. Ele descreveu o que lhe aconteceu: “Os tratamentos me fizeram sentir-me pior do que tudo que já havia sentido na vida. Perdi o cabelo, emagreci 20 quilos e senti como se meu corpo estivesse se desfazendo. A quimioterapia também me afetou emocional, mental e espiritualmente. A vida era uma montanha-russa durante os meses de quimioterapia, com altos e baixos, e tudo o que vinha entre eles. Mas, ao longo de tudo, Heather e eu mantivemos a fé, acreditando que Deus me curaria. Simplesmente sabíamos disso”.

Heather relatou seus pensamentos e sentimentos: “Eu não podia deixar que John passasse a noite sozinho no hospital, por isso dormi todas as noites em um pequeno sofá, no quarto dele. Muitos amigos e familiares nos visitavam durante o dia, mas as noites eram a parte mais difícil. Eu ficava olhando para o teto e me perguntando o que o Pai Celestial havia planejado para nós. Às vezes, minha mente vagava por lugares escuros, e meu medo de perder John quase me dominava. Mas eu sabia que aqueles pensamentos não provinham do Pai Celestial. Minhas orações por consolo se tornaram mais frequentes, e o Senhor me deu forças para seguir em frente”.

Três meses depois, John foi submetido a um procedimento cirúrgico para retirar um grande tumor da perna. Dois dias depois da cirurgia, visitei John e Heather no hospital. Conversamos sobre quando conheci John no campo missionário, seu casamento, o câncer e as lições eternamente importantes que aprendemos ao longo das provações da mortalidade. Ao encerrarmos nossa conversa, John perguntou se eu poderia dar-lhe uma bênção do sacerdócio. Respondi que o faria com muito prazer, mas primeiro precisava perguntar algumas coisas.

Fiz perguntas que não tinha planejado e sobre as quais nunca havia refletido antes: “John, você tem fé para não ser curado? Se for da vontade do Pai Celestial que você seja transferido pela morte em sua juventude para o mundo espiritual a fim de continuar seu ministério, tem fé para submeter-se à vontade Dele e não ser curado?”

Lemos com frequência nas escrituras que o Salvador ou Seus servos exerciam o dom espiritual da cura (ver 1 Coríntios 12:9; D&C 35:9; 46:20) e percebiam se a pessoa tinha fé para ser curada (ver Atos 14:9; 3 Néfi 17:8; D&C 46:19). Mas, quando John, Heather e eu conversamos e debatemos sobre aquelas perguntas, compreendemos cada vez mais que, se fosse da vontade de Deus que aquele bom jovem fosse curado, então essa bênção só poderia ser recebida se o valoroso casal tivesse primeiro fé para não ser curado. Em outras palavras, John e Heather precisavam vencer, por meio da Expiação do Senhor Jesus Cristo, a tendência do “homem natural” (Mosias 3:19), presente em todos nós, de exigir com impaciência as bênçãos que desejamos e que acreditamos merecer e insistir incessantemente nelas.

Reconhecemos um princípio que se aplica a todo discípulo devoto: a grande fé no Salvador aceita com submissão a vontade e o tempo Dele em nossa vida — mesmo se o resultado não for o que esperávamos ou queríamos. Sem dúvida, John e Heather desejavam a cura, ansiavam e imploravam por ela com todo o seu poder, sua mente e força. Porém seria mais importante que estivessem “[dispostos] a submeter-se a tudo quanto o Senhor achar que [lhes] deva infligir, assim como uma criança se submete a seu pai” (Mosias 3:19). De fato, eles precisariam estar dispostos a “[ofertar-lhe] toda a [sua] alma, como dádiva” (Ômni 1:26) e a orar humildemente, dizendo: “Pai, se queres, passa de mim este cálice, porém não se faça a minha vontade, senão a tua” (Lucas 22:42).

O que inicialmente pareciam ser perguntas intrigantes para John, para Heather e para mim tornou-se parte de um padrão geral de paradoxos do evangelho. Reflitam sobre esta admoestação do Salvador: “Quem achar a sua vida, perdê-la-á; e quem perder a sua vida por minha causa, achá-la-á” (Mateus 10:39). Ele também declarou: “Porém muitos primeiros serão os últimos, e muitos últimos serão os primeiros” (Mateus 19:30). E o Senhor aconselhou a Seus discípulos modernos: “E por tua palavra muitos soberbos serão humilhados e por tua palavra muitos humildes serão exaltados” (D&C 112:8). Assim, ter fé para não ser curado parece encaixar-se adequadamente em um vigoroso padrão de pungentes paradoxos que nos obrigam a pedir, a buscar e a bater para que possamos receber conhecimento e entendimento (ver 3 Néfi 14:7).

Depois de refletir o suficiente sobre aquelas perguntas e conversar com sua esposa por algum tempo, John me disse: “Élder Bednar, não quero morrer. Não quero deixar Heather. Mas, se a vontade do Senhor for que eu seja transferido para o mundo espiritual, então acho que para mim está tudo bem”.

Meu coração se encheu de gratidão e admiração ao testemunhar aquele jovem casal enfrentar a mais difícil de todas as batalhas espirituais — a humilde submissão da vontade deles à vontade de Deus. Minha fé se fortaleceu ao vê-los permitir que seus fortes e compreensíveis desejos de cura fossem “[absorvidos] pela vontade do Pai” (Mosias 15:7).

John descreveu sua reação à nossa conversa e à bênção que recebeu: “O Élder Bednar compartilhou conosco o pensamento do Élder Maxwell de que não recuar é melhor do que sobreviver. Depois, o Élder Bednar me perguntou: ‘Sei que você tem fé para ser curado, mas será que tem fé para não ser curado? ’ Aquele era um conceito novo para mim. Basicamente ele estava perguntando se eu tinha fé para aceitar a vontade de Deus se Sua vontade fosse que eu não seria curado? Se estivesse chegando minha hora de entrar no mundo espiritual pela morte, será que eu estava preparado para me submeter e aceitar?”

John prosseguiu: “Ter fé para não ser curado parecia contraditório, mas essa perspectiva mudou a forma como minha esposa e eu pensávamos e nos permitiu depositar nossa plena confiança no plano do Pai para nós. Aprendemos que precisávamos ter fé no fato de que o Senhor está no comando, independentemente do resultado, e que Ele vai nos guiar de onde estamos para onde precisamos estar. Ao orar, nossas súplicas mudaram de ‘Por favor, cura-me’ para ‘Por favor, dá-me fé para aceitar qualquer resultado que tenhas planejado para mim’.

Eu tinha certeza de que, como o Élder Bednar era um apóstolo, ia abençoar os elementos de meu corpo para que se recompusessem, e eu saltaria da cama e começaria a dançar ou algo extremo assim! Mas, quando ele me abençoou naquele dia, fiquei surpreso ao ver que as palavras que pronunciou foram quase idênticas às do meu pai, às do meu sogro e às do meu presidente de missão. Percebi que, afinal, não importava de quem eram as mãos que estavam sobre minha cabeça. O poder de Deus não muda, e Sua vontade nos é revelada individualmente e por meio de Seus servos autorizados”.

Heather escreveu: “Aquele dia foi repleto de uma mistura de emoções para mim. Eu estava certa de que o Élder Bednar colocaria as mãos sobre a cabeça de John e o curaria completamente do câncer. Eu sabia que, por meio do poder do sacerdócio, ele poderia ser curado, e eu queria muito que isso acontecesse. Depois que ele nos ensinou sobre a fé para não ser curado, fiquei apavorada. Até aquele momento, nunca tinha encarado o fato de que o plano do Senhor poderia incluir a perda de meu marido tão jovem. Minha fé ainda dependia dos resultados que eu almejava. Por assim dizer, era unidimensional. Embora aterrorizante a princípio, a ideia de ter fé para não ser curado acabou me libertando das preocupações. Isso me permitiu ter completa confiança de que meu Pai Celestial me conhecia melhor do que eu mesma e que faria o que seria melhor para mim e para John”.

A bênção foi dada, e passaram-se semanas, meses e anos. O câncer de John começou milagrosamente a regredir. Ele pôde terminar seus estudos universitários e conseguiu um emprego bem remunerado. John e Heather continuaram a fortalecer seu relacionamento e a desfrutar a vida juntos.

Algum tempo depois, recebi uma carta de John e Heather informando-me que o câncer havia retornado. A quimioterapia foi retomada, e uma cirurgia foi programada. John explicou: “Aquela notícia não só foi uma decepção para Heather e para mim, mas nos deixou perplexos. Havia algo que não tínhamos aprendido na primeira vez? Será que o Senhor esperava mais de nós?

Então, comecei a orar pedindo maior clareza e que o Senhor me ajudasse a entender por que aquela recorrência do câncer estava acontecendo. Um dia, enquanto lia o Novo Testamento, recebi minha resposta. Li o relato de quando Cristo e Seus apóstolos estavam no mar, e houve uma tempestade. Temendo que o barco virasse, os discípulos foram ao Salvador e perguntaram: ‘Mestre, não se te dá que pereçamos?’ Era exatamente assim que eu me sentia! Não se te dá que eu tenha câncer? Não se te dá que queiramos começar uma família? Mas, ao continuar a ler aquela história, identifiquei minha resposta. O Senhor olhou para eles e disse: ‘Ó homens de pouca fé’, e estendeu a mão e acalmou as águas.

Naquele momento tive que me perguntar: ‘Será que realmente acredito nisso? Realmente acredito que Ele apaziguou as águas naquele dia? Ou é apenas uma bela história de se ler?’ A resposta é: Eu acredito; e, por saber que Ele acalmou as águas, soube imediatamente que poderia me curar. Até aquele ponto, tinha muita dificuldade para conciliar a necessidade de ter fé em Cristo com a inevitabilidade de Sua vontade. Eu as via como duas coisas separadas, e às vezes sentia que uma contradizia a outra. ‘Por que eu deveria ter fé se a vontade Dele é o que vai prevalecer no final?’ eu perguntava. Depois daquela experiência, eu soube que ter fé — pelo menos na minha situação — não era necessariamente saber que Ele ia me curar, mas saber que poderia me curar. Eu tinha de acreditar que Ele podia e, então, o que viesse a acontecer cabia a Ele decidir.

Ao permitir que essas duas ideias coexistissem em minha vida — fé centralizada em Jesus Cristo e submissão completa à vontade Dele —, encontrei maior consolo e paz. É extraordinário ver a mão do Senhor em nossa vida. As coisas entraram nos eixos, milagres aconteceram e sentimo-nos continuamente humildes ao ver o plano de Deus para nós se desenrolar”.

A retidão e a fé são, sem dúvida, fundamentais para se moverem montanhas — desde que a mudança da montanha cumpra os propósitos de Deus e esteja de acordo com a vontade Dele. A retidão e a fé são, sem dúvida, fundamentais para que se curem os doentes, os surdos e coxos — desde que essas curas cumpram os propósitos de Deus e estejam de acordo com a vontade Dele. Assim, mesmo com uma forte fé, muitas montanhas não serão movidas. E nem todos os doentes e enfermos serão curados. Se toda a oposição fosse eliminada, se todas as moléstias fossem removidas, então os principais objetivos do plano do Pai seriam frustrados.

Muitas lições que devemos aprender na mortalidade só podem ser recebidas por meio das coisas que vivenciamos e às vezes sofremos. E Deus confia em nossa capacidade de enfrentar as temporárias adversidades mortais com Sua ajuda e espera isso de nós a fim de aprendermos o que precisamos aprender e, por fim, tornarmo-nos o que devemos nos tornar na eternidade.

O Significado de Todas as Coisas


Essa história sobre John e Heather é ao mesmo tempo comum e extraordinária. Esse jovem casal representa milhões de fiéis santos dos últimos dias que guardam os convênios no mundo inteiro e que prosseguem no caminho reto e apertado, com firmeza em Cristo e um perfeito esplendor de esperança (ver 2 Néfi 31:19–20). John e Heather não estavam servindo em cargos de destaque na liderança da Igreja, não eram parentes de Autoridades Gerais e às vezes tinham dúvidas e medos. Em muitos desses aspectos, a história deles é bastante comum.

Mas esse jovem casal foi abençoado de maneira extraordinária ao aprender lições essenciais para a eternidade por meio da aflição e do sofrimento. Contei essa história para vocês porque John e Heather, que são semelhantes a muitos de vocês, entenderam que não recuar é mais importante do que sobreviver. Assim, a experiência pessoal deles não era principalmente sobre viver e morrer, mas, sim, sobre aprender, viver e tornar-se.

Para muitos de vocês, a história deles é, foi ou poderia ter sido a sua. Vocês estão enfrentando, enfrentaram ou ainda enfrentarão desafios equivalentes na vida com a mesma coragem e perspectiva espiritual que John e Heather tiveram. Não sei por que algumas pessoas aprendem as lições da eternidade por meio de provação e sofrimento, enquanto outros aprendem lições semelhantes por meio de resgate e cura. Não conheço todas as razões, todos os propósitos, e não sei tudo sobre o tempo do Senhor. Tal como Néfi, todos podemos dizer que “não [conhecemos] (…) o significado de todas as coisas” (1 Néfi 11:17).

Mas algumas coisas sei com absoluta certeza. Sei que somos filhos espirituais de um Pai Celestial amoroso. Sei que o Pai Eterno é o autor do plano de felicidade. Sei que Jesus Cristo é o nosso Salvador e Redentor. Sei que Jesus tornou o plano do Pai possível por meio de Sua Expiação infinita e eterna. Sei que o Senhor, que “com sofrimento e dor [cumpriu] a lei; para nos resgatar”,2 pode socorrer e fortalecer “seu povo, de acordo com suas enfermidades” (Alma 7:12). E sei que uma das maiores bênçãos da mortalidade é a de não recuar e permitir que nossa vontade individual seja “absorvida pela vontade do Pai” (Mosias 15:7).

Embora eu não saiba tudo sobre como, quando, onde e por que essas bênçãos ocorrem, sei que são reais. E sei que, se prosseguirem com firmeza em sua vida, com fé inabalável em Cristo, vocês terão a capacidade de não recuar.

Notas
  1. Neal A. Maxwell, “Aplicar o Sangue Expiatório de Cristo”, A Liahona, janeiro de 1998, p. 25.
  2. “Jesus de Nazaré, Mestre e Rei”, Hinos, nº 106.