Resumo do discurso do Presidente Jeffrey R. Holland, dado numa devotional da BYU, em 12 de janeiro de 1988. Tradução: D.B. Oldham.
Esta responsabilidade de falar a vocês nunca é fácil. Acho que se torna mais difícil a cada ano. Fico um pouco mais velho, o mundo com sua carga de problemas apresenta mais complexidade e, por isso, as esperanças e sonhos de vocês da BYU tornam-se mais importantes para mim. Preocupo-me muito com vocês, agora e para sempre.
Esta responsabilidade de falar a vocês nunca é fácil. Acho que se torna mais difícil a cada ano. Fico um pouco mais velho, o mundo com sua carga de problemas apresenta mais complexidade e, por isso, as esperanças e sonhos de vocês da BYU tornam-se mais importantes para mim. Preocupo-me muito com vocês, agora e para sempre.
Meu tema é sobre a intimidade, um tema tão sagrado quanto todos que conheço, e mais sagrado do que qualquer um sobre que me dirigi deste púlpito. Seria melhor não falar dele que prejudicá-lo com leviandade ou descuido. De fato, é contra tal leviandade e descuido que se dirigem minhas palavras.
Estou emocionado em saber que a maioria de vocês está indo muito bem na questão de pureza pessoal. Não há grupo de estudantes de universidade mais digno e fiel em qualquer outro lugar no universo.Vocês são uma inspiração para mim. Mas alguns não estão indo tão bem, como uma grande parte do mundo em torno de nós, que não está indo bem mesmo!
Perspectiva do Evangelho sobre a pureza
Não quero que despendamos essa hora documentando problemas sociais ou preocupando-nos com os perigos que essas influências exteriores acarretam em nós. Mesmo que tais realidades contemporâneas sejam sérias, gostaria de discutir esse tema de maneira diversa, especificamente para os Santos dos Últimos Dias, e em especial para os jovens e solteiros SUDs estudantes da BYU. Então, deixando de lado os horrores da AIDS e as estatísticas nacionais sobre gravidez ilegítima, falarei de acordo com uma perspectiva baseada no evangelho a respeito de pureza pessoal.
Realmente, espero fazer alguma coisa mais difícil do que alistar os “sim” e “não”sobre o assunto. Quero falar, o melhor que puder, sobre porque devemos ser limpos, e porque a disciplina moral é tão significante à vista de Deus.
Tentarei dar pelo menos uma resposta parcial à pergunta “Porque manter-se moralmente limpo?”
Primeiro precisarei apresentar-lhes o que vejo como seriedade doutrinária da questão, antes de oferecer apenas três razões por haver tanta seriedade.
Por que essa questão das relações sexuais é tão severa, que o fogo é quase sempre usado como metáfora, e a paixão vista vividamente nas chamas? O que há neste calor potencialmente danoso, que pode destruir a alma – ou talvez o mundo inteiro (de acordo com Frost), se aquela chama se tornar desenfreada e as paixões forem deixadas livres? O que há em tudo isso, que induziu Alma a prevenir seu filho Coriânton que transgressão sexual é “abominável à vista do Senhor; sim, mais detestável que todos os pecados, com exceção do derramamento de sangue inocente e negação do Espírito Santo”1.
O Plano de Vida
Deixando de lado os pecados contra o Espírito Santo por um momento como uma categoria especial, é doutrina SUD que transgressão sexual é só ultrapassada pelo assassino na lista do Senhor dos pecados mais sérios da vida. Ao colocar numa posição assim o apetite físico tão visível e evidente em todos nós, o que o Senhor está tentando dizer-nos sobre o lugar desse apetite no seu plano para todo homem e mulher na mortalidade? Digo-lhes está fazendo exatamente isso – comentando sobre o próprio plano da vida. Está claro que uma das maiores preocupações de Deus a respeito da mortalidade ‘como uma pessoa entra neste mundo e como sai dele’. Essas duas importantes questões em nosso progresso pessoal, que é cuidadosamente supervisionado, são as duas questões que Ele, como nosso Criador, Pai e Guia, quer reservar para si mesmo. Essas são as duas coisas que Ele nos tem dito, repetidas vezes, que deseja que nunca façamos ilegalmente,ilicitamente, infielmente, sem sanções.
Quanto a tirar a vida, geralmente somos bem responsáveis. Mas, no que se refere ao significado e santidade de dar a vida, alguns de nós não somos tão responsáveis, assim, se no mundo conturbado ao nosso redor, a irresponsabilidade se acha a nível quase criminoso. Se tirar a vida acarreta absoluto horror e exige justiça, o dar à vida ocasiona anedotas e expressões grosseiras, e que invadem até as telas de nossas casas e nossas cidades.
Isto é o suficiente sobre seriedade doutrinária. Agora, com o desejo de evitar esses momentos dolorosos, evitar o que Alma chamou de “horror inexprimível” de estar na presença de Deus indignamente, e permitir a intimidade, que é direito, privilégio e prazer de se usufruir no casamento, sem manchas de remorso e culpa – quero dar-lhes aquelas três razões já mencionadas sobre porque creio ser esta questão de tanta magnitude e degraves consequências.
Primeiro, nós temos de entender a doutrina e restaurada dos Santos dos Últimos Dias referentes à alma e o papel imprescindível do corpo. Uma das verdades “claras e preciosas” restauradas nesta dispensação é que “o espírito e o corpo são a alma do homem”2 e que, quando espírito e corpo são separados, homens e mulheres“Não podem receber a plenitude da alegria”.3
Certamente isto sugere que obter um corpo é muito importante para o plano de salvação, e que o pecado de qualquer forma é uma questão bastante séria, porque sua consequência automática é a morte, a separação entre corpo e espírito, e que a ressurreição do corpo é tão vital para o triunfo eterno da expiação de Cristo.
Para responder em parte ao “por quê” de tanta seriedade, respondemos que aquele que brinca com o corpo de outra pessoa dado por Deus – e cobiçado por Satanás – brinca com a própria alma daquela pessoa, brinca com o propósito central e produto da vida, “a chave mestra” para a vida, nas palavras do Elder Boyd K. Packer. Ao banalizar alma de alguém (favor incluir corpo) nós banalizamos a expiação que salvou aquela alma e garantiu sua existência contínua. A exposição do corpo (favor incluir a palavra “alma”) é em última análise, uma exposição daquilo que é a Luz e a Vida do mundo.
O que está em perigo aqui é nossa alma – nosso espírito e nosso corpo. O preço de nossa plenitude de alegria – corpo e espírito unidos eternamente – é o sangue puro e inocente do Salvador do mundo.
Segundo conclama que a intimidade, aquela união sagrada e física ordenada por Deus para um casal, seja um símbolo que exige santidade especial. Esse ato de amor entre homem e mulher é - ou certamente foi ordenado ser – um símbolo de união total: união de seus corações, suas esperanças, suas vidas, seu amor, sua família, seu futuro, seu tudo. É um símbolo que tentamos sugerir no templo com a palavra “selar”.
Mas essa união total, praticamente inquebrantável, esse compromisso rígido entre homem e mulher, só pode advir com a proximidade e permanência oferecidas no convênio do casamento, com a união de tudo o que possuem – seus próprios corações e mentes, todos os seus dias e todos os seus sonhos. E o símbolo externo daquela união, a manifestação material do que é um profundo vínculo espiritual e físico, é o contato corporal, que faz parte daquela maior e mais completa combinação de propósitos e promessas eternos.
Quando todos os casais chegam àquele momento de vínculo na mortalidade, atingem sua completa união. Aquele mandamento não poderá ser cumprido, e aquele simbolismo de “uma só carne” não poderá ser preservado se nós, depressa e culposamente, compartilharmos de intimidade num canto escuro de uma hora escura, e depois nos retirarmos, com a mesma pressa e culpa para nossos mundos separados – sem comer ou viver ou chorar ou rir juntos, sem lavar a roupa e a louça e fazer as tarefas diárias, sem organizar um orçamento e pagar as contas e cuidar das crianças e planejar juntos para o futuro. Não, nós não podemos fazer isso, até sermos verdadeiramente um; unidos, atados, vinculados, soldados, selados, casados.
Vocês podem constatar a neurose advinda aos que fingem ser um, aos que compartilham os símbolos e intimidades físicas de uma união, e depois fogem, retiram-se,cortando todos os outros aspectos – e símbolos – do que foi feito para ser uma obrigação total, só para se unirem furtivamente, de novo numa outra noite ou, pior ainda, para se unirem furtivamente (e podem perceber o quanto civicamente uso tal palavra com um outro companheiro sem os vínculos do matrimônio, que não é um, assim como o último não foi – ou o próximo não será, na semana que vem ou no mês que vem ou no ano que vem, ou em qualquer tempo, antes de se sujeitarem aos compromissos do casamento).
Nessa questão de intimidade falsificada e satisfação decepcionante, quero dizer aos homens que ouvem esta mensagem, que tomem muito cuidado. Tenho ouvido, em toda a minha vida, que é a moça que tem de assumir a responsabilidade de controlar os limites das intimidades no namoro, porque isto o rapaz não consegue. Não há nada que me dê mais vontade de vomitar. Que tipo de homem é esse, que sacerdócio ou poder ou força ou autocontrole ele tem, que lhe permite desenvolver-se na sociedade, crescer à idade de responsabilidade, talvez até uma educação universitária, a fim de preparar-se para atuar em Reinos e na direção do mundo, mas ainda não tem a capacidade mental ou moral de falar: “Não, não farei tal coisa?” Não essa péssima psicologia de farmácia quer que ele declare: “Não posso me ajudar. Minhas glândulas têm controle total sobre minha vida – minha mente, minha vontade, meu futuro inteiro”.
Dizer que uma moça envolvida em tal relacionamento tem de carregar sua responsabilidade e a do rapaz também, é a doutrina mais discriminatória que já ouvi. Na maioria das vezes em que acontece uma transgressão sexual, ponho a culpa completa nos ombros do rapaz, que, provavelmente é um portador do sacerdócio, pois acredito ser com ele que Deus queria que a responsabilidade ficasse. Ao dizer isso, não desculpa qualquer moça que não exerça nenhuma limitação e que não tenha o caráter ou a convicção para exigir intimidade só no seu devido tempo e lugar.
Depois de alma e símbolo, a palavra é: Sacramento. Um termo muito relacionado aos outros dois. Intimidade sexual não é apenas uma união simbólica entre homem e mulher – a união de suas próprias almas – mas também é o símbolo de uma união entre mortais e a Deidade, e não de humanos ordinários e fracassados, pois se une num momento raro e especial com o próprio Deus, tendo todos os poderes pelos quais ele dá vida a este nosso vasto universo. Nesse sentido, a intimidade humana é um sacramento, um símbolo muito especial.
Para o nosso objetivo hoje, um sacramento poderia ser qualquer um de muitos gestos, ou atos ou ordenanças que nos unem com Deus e seus poderes ilimitados. Aqueles momentos especiais de união com Deus são momentos sacramentais – como aquele em que nos ajoelhamos no altar de casamento, ou abençoamos um recém-nascido, ou tomamos dos emblemas da ceia do senhor.
Quero enfatizar-lhes esta manhã, como minha terceira das três razões para sermos limpos, que a união sexual é também, na sua própria e profunda maneira, um sacramento muito real, do mais alto nível, uma união não apenas com um homem e uma mulher, mas verdadeiramente a união daquele homem e daquela mulher com Deus.
O Poder da Procriação
O Poder da Procriação
De fato, se nossa definição de sacramento é o ato de exigir, compartilhar e exercer o próprio poder inestimável de Deus, então não conheço qualquer outro privilégio divino dado a nós tão costumeiramente – mulher ou homem, ordenados ou não – santos dos Últimos Dias ou não, ou não, quanto o poder miraculoso e majestático de transmitir vida, o poder inefável, incalculável e inquebrantável da procriação.
Digo-lhes que nenhum outro poder sacerdotal ou outro qualquer é dado por Deus tão universalmente para tantas pessoas com quase nenhum controle sobre ele, exceto o autocontrole. E digo-lhes também que, em nenhum outro tempo na sua vida, vocês serão tão iguais a Deus do que quando estão exercendo tal poder. De todos os títulos que Ele escolheu para si mesmo, Pai é aquele que declara, e Criação é seu lema. Especialmente a criação humana, a criação de sua própria imagem. Vocês e eu somos suas possessões prediletas e evidências aqui na terra, por mais inadequados que sejamos, do que ele verdadeiramente é. A vida humana – O maior dos poderes de Deus, a química mais misteriosa e magnificente de todas; Foi dada a vocês e a mim, mas sob as restrições mais sérias e sagradas.
Almas, Símbolos e Sacramento
Almas, Símbolos, Sacramentos. Essas palavras os ajudam a entender porque a intimidade é uma questão de tal forma séria? Por que é tão correta e gratificante e comum a extraordinária beleza, quando dentro do casamento e aprovada por Deus (não apenas “bom” mas “muito bom”; Ele declarou a Adão e Eva), e de modo tão blasfemo – como um assassino – quando fora desse convênio? É meu entender que estacionamos e fazemos carícias íntimas e pernoitamos e dormimos com alguém com o risco de nossas próprias vidas. A penalidade talvez não venha no mesmo dia de nossa transgressão, mas certamente virá, e se não fosse por um Deus misericordioso e o privilégio do arrependimento, muitos estariam, agora mesmo, sentindo aquela dor infernal, que (como a paixão já citada) sempre se descreve usando fogo como metáfora.
Eu os amo por quererem estar no lado certo do evangelho de Jesus Cristo. Expresso meu orgulho e apreciação por sua fidelidade. Se alguns de vocês estão sentindo as “cicatrizes... que lhes advieram de lugares em que nunca deveriam ter ido”, quero oferecer-lhes a paz e a promessa especial que advêm pelo sacrifício expiatório do Senhor Jesus Cristo.
Testifico do poder desses princípios e ordenanças, inclusive o arrependimento completo e redentor, que só se realizam nesta, a igreja verdadeira e viva do verdadeiro e vivo Deus. Oro que possamos “vir a Cristo”, para a plenitude de alma, símbolo e sacramento que Ele nos oferece, em nome de Jesus Cristo, Amém.
Notas:
Notas:
- Alma 39:5
- D&C 88:15
- D&C 93:34