Thomas S. Monson
Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência
Frequentemente, esperamos soluções instantâneas para (…) desafios, esquecendo-nos de que, com frequência, é necessário termos a virtude celestial da paciência.
Há pouco tempo encontrei um velho amigo que não via há muito tempo. Ele cumprimentou-me dizendo: “Como está a vida?” Não me lembro do que respondi especificamente, mas essa pergunta provocante fez-me refletir sobre minhas muitas bênçãos e minha gratidão pela própria vida e pelo privilégio e oportunidade de servir.
Algumas vezes a resposta a essa mesma pergunta traz uma resposta inesperada. Alguns anos atrás, fui a uma conferência de estaca no Texas. O presidente da estaca encontrou-me no aeroporto e, enquanto nos dirigíamos para a capela da estaca, perguntei-lhe: “Presidente, como vão as coisas?”
Ele respondeu: “Gostaria que essa pergunta tivesse sido feita na semana passada, porque muitas coisas aconteceram nesta semana. Na sexta-feira fui demitido de meu emprego, hoje de manhã minha esposa entrou em crise de bronquite e hoje à tarde nosso cachorro foi atropelado e morreu. Fora isso, acho que tudo vai bem.”
A vida está cheia de dificuldades, algumas menores e outras mais sérias. Os desafios que todos temos de enfrentar parecem infindáveis. Nosso problema é que, frequentemente, esperamos soluções instantâneas para tais desafios, esquecendo-nos de que, com frequência, é necessário termos a virtude celestial da paciência.
Os conselhos ouvidos em nossa juventude ainda se aplicam hoje em dia e devem ser atendidos. “Calma”, “Tenha paciência”, “Mais devagar”, “Não tenha tanta pressa”, “Obedeça às regras”, “Tenha cuidado” são expressões mais do que batidas. Elas descrevem conselhos sinceros e mostram a sabedoria que provém da experiência.
O insensato excesso de velocidade de um carro cheio de jovens, descendo uma estrada sinuosa e perigosa, pode trazer repentina perda de controle; o carro pode capotar com seus preciosos passageiros e despencar pelo precipício. A queda muitas vezes causa incapacidade permanente e, talvez, morte prematura e sofrimento dos entes queridos. Um momento divertido pode, num instante, transformar-se em arrependimento para o resto da vida.
Oh, preciosos jovens. Deem uma chance à vida! Usem a virtude da paciência.
Na doença, com a dor constante, é preciso que se tenha paciência. Se o único homem perfeito que já viveu—o próprio Jesus de Nazaré—teve de tolerar grande sofrimento, como podemos nós, que somos menos que perfeitos, esperar ficar livres de tais desafios?
Quem será capaz de contar as grandes multidões de pessoas solitárias, idosas, desamparadas—pessoas que se sentem abandonadas pela caravana da vida, que segue seu caminho até desaparecer para além da visão daqueles que ficam pensando, que se espantam e que, às vezes, se questionam quando deixados a sós com seus pensamentos. A paciência pode ser uma companheira útil durante momentos tão difíceis.
Visito ocasionalmente abrigos de idosos, onde encontramos longanimidade. Certa vez, ao participar das reuniões da Igreja num desses locais, num domingo, notei uma jovem que ia tocar violino para confortar as pessoas ali reunidas. Disse-me que estava nervosa e que esperava fazer o melhor possível. Enquanto ela tocava, alguém comentou: “Você é tão bonita e toca tão bem!” As cordas do violino e os elegantes movimentos dos dedos da moça pareceram inspirar-se pelo comentário inesperado. Ela tocou magnificamente.
Posteriormente, dei os parabéns a ela e a sua acompanhante. Elas responderam: “Viemos aqui para alegrar os fracos, os doentes e os idosos. Nossos temores desapareceram enquanto tocávamos. Esquecemos de nossas preocupações e temores. Podemos tê-los alegrado, mas eles certamente nos inspiraram.”
Às vezes, acontece o oposto. Uma querida e jovem amiga, Wendy Bennion, da cidade de Salt Lake, era o exemplo disso. Anteontem ela deixou a mortalidade silenciosamente e retornou “( … ) para aquele Deus que [lhe] deu vida. (Alma 40:11) Ela lutou durante mais de cinco anos contra o câncer. Sempre alegre, sempre estendendo a mão para ajudar os outros, sem jamais perder a fé, seu sorriso contagiante atraía os outros para ela como o ímã atrai o metal. Uma amiga, sentindo-se deprimida por seus próprios problemas, foi visitar Wendy, doente e com dores. A mãe de Wendy, Nancy, sabendo que ela estava com muitas dores, achou que talvez a amiga já tivesse ficado tempo demais. Ela perguntou a Wendy, após a partida da amiga, por que havia permitido que a amiga se demorasse tanto, uma vez que sentia tantas dores. A resposta de Wendy foi: “O que eu estava fazendo por minha amiga era muito mais importante do que a dor que eu sentia. Se eu for capaz de ajudá-la, vale a pena sentir dor.” Sua atitude lembra-nos Dele, que suportou os sofrimentos do mundo, que pacientemente sofreu enormes dores e desilusões, mas que, caminhando silenciosamente com Suas sandálias, passou por um homem que era cego de nascença, restaurando-lhe a visão. Ele aproximou-se da viúva de Naim, que estava sofrendo muito, e trouxe seu filho de volta à vida. Ele subiu o íngreme Calvário carregando Sua cruz, sem Se importar com a zombaria e insultos que acompanhavam cada um de Seus passos. Ele tinha um destino divino para cumprir. De um modo muito real, Ele visita-nos sempre, cada um de nós, com Seus ensinamentos. Ele traz alegria e inspira-nos a ser bondosos. Ele deu Sua vida preciosa para que a sepultura não tivesse vitória e a morte perdesse seu aguilhão, para que a vida eterna fosse nossa dádiva.
Tirado da cruz, sepultado num sepulcro emprestado, esse homem de dores e experimentado nos trabalhos, ressurgiu na manhã do terceiro dia. Sua ressurreição foi descoberta por Maria e pela outra Maria, quando se aproximaram do sepulcro. A grande pedra que fechava a entrada havia sido afastada. A seguir, a pergunta dos anjos em roupas brilhantes: “Por que buscais o vivente entre os mortos? Não está aqui, mas ressuscitou.”1
Paulo declarou aos hebreus: “Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta.”2
Talvez jamais tenha ocorrido tamanha demonstração de paciência como a exemplificada por Jó, que foi descrito na Santa Bíblia como “um homem íntegro, reto e temente a Deus e que desviava-se do mal.”3 Ele foi abençoado com grandes riquezas em abundância. Satanás obteve permissão do Senhor para tentar Jó. Como foi grande o sofrimento de Jó, como foram terríveis suas perdas, que tortura foi sua vida! Instado pela esposa a amaldiçoar a Deus e morrer, a resposta que deu revelou sua fé: “Sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida a minha pele, contudo ainda em minha carne verei a Deus.”4 Que fé, que coragem, que confiança! Jó perdeu seus bens—todos eles. Jó perdeu a saúde—completamente. Jó honrou a confiança nele depositada. Jó personificou a paciência.
Outro exemplo da virtude da paciência foi o Profeta Joseph Smith. Após sua divina experiência no bosque chamado Sagrado, onde o Pai e o Filho lhe apareceram, foi-lhe mandado que esperasse. Depois de algum tempo, depois de sofrer durante três anos escárnio por suas crenças, o anjo Morôni apareceu a ele. Depois disso, foi-lhe exigido mais tempo de espera e paciência. Lembremo-nos do conselho encontrado em Isaías: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos que a terra, assim são os meus caminhos mais altos que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos.”5
Em nossa vida confusa e apressada de hoje em dia, podemos muito bem voltar no tempo e lembrar-nos da lição que nos foi há muito ensinada, a respeito de atravessarmos ruas perigosas. “Pare, olhe e escute” eram os conselhos. Será que não poderíamos aplicá-los agora? Pare com esse ritmo de vida que destrói. Olhe para cima para receber ajuda divina. Escute Seu convite: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.”6
Ele nos ensinará a verdade destes belos versos:
A vida é real! A vida é séria!
E a tumba não é seu destino final;
Porquanto és pó e em pó te tornarás
Não se referia à alma imortal.7
Aprenderemos que todos somos preciosos para nosso Irmão Mais Velho, sim, o Senhor Jesus Cristo. Ele nos ama verdadeiramente.
Sua vida é o exemplo perfeito de alguém aflito, sofredor e enganado, que ainda assim deu o exemplo de esquecer-se de Si mesmo e servir ao próximo. O versinho dos tempos de criança ainda ecoa:
Sim, Jesus me ama!
Sim, Jesus me ama!
Sim, Jesus me ama!
Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência
Frequentemente, esperamos soluções instantâneas para (…) desafios, esquecendo-nos de que, com frequência, é necessário termos a virtude celestial da paciência.
Há pouco tempo encontrei um velho amigo que não via há muito tempo. Ele cumprimentou-me dizendo: “Como está a vida?” Não me lembro do que respondi especificamente, mas essa pergunta provocante fez-me refletir sobre minhas muitas bênçãos e minha gratidão pela própria vida e pelo privilégio e oportunidade de servir.
Algumas vezes a resposta a essa mesma pergunta traz uma resposta inesperada. Alguns anos atrás, fui a uma conferência de estaca no Texas. O presidente da estaca encontrou-me no aeroporto e, enquanto nos dirigíamos para a capela da estaca, perguntei-lhe: “Presidente, como vão as coisas?”
Ele respondeu: “Gostaria que essa pergunta tivesse sido feita na semana passada, porque muitas coisas aconteceram nesta semana. Na sexta-feira fui demitido de meu emprego, hoje de manhã minha esposa entrou em crise de bronquite e hoje à tarde nosso cachorro foi atropelado e morreu. Fora isso, acho que tudo vai bem.”
A vida está cheia de dificuldades, algumas menores e outras mais sérias. Os desafios que todos temos de enfrentar parecem infindáveis. Nosso problema é que, frequentemente, esperamos soluções instantâneas para tais desafios, esquecendo-nos de que, com frequência, é necessário termos a virtude celestial da paciência.
Os conselhos ouvidos em nossa juventude ainda se aplicam hoje em dia e devem ser atendidos. “Calma”, “Tenha paciência”, “Mais devagar”, “Não tenha tanta pressa”, “Obedeça às regras”, “Tenha cuidado” são expressões mais do que batidas. Elas descrevem conselhos sinceros e mostram a sabedoria que provém da experiência.
O insensato excesso de velocidade de um carro cheio de jovens, descendo uma estrada sinuosa e perigosa, pode trazer repentina perda de controle; o carro pode capotar com seus preciosos passageiros e despencar pelo precipício. A queda muitas vezes causa incapacidade permanente e, talvez, morte prematura e sofrimento dos entes queridos. Um momento divertido pode, num instante, transformar-se em arrependimento para o resto da vida.
Oh, preciosos jovens. Deem uma chance à vida! Usem a virtude da paciência.
Na doença, com a dor constante, é preciso que se tenha paciência. Se o único homem perfeito que já viveu—o próprio Jesus de Nazaré—teve de tolerar grande sofrimento, como podemos nós, que somos menos que perfeitos, esperar ficar livres de tais desafios?
Quem será capaz de contar as grandes multidões de pessoas solitárias, idosas, desamparadas—pessoas que se sentem abandonadas pela caravana da vida, que segue seu caminho até desaparecer para além da visão daqueles que ficam pensando, que se espantam e que, às vezes, se questionam quando deixados a sós com seus pensamentos. A paciência pode ser uma companheira útil durante momentos tão difíceis.
Visito ocasionalmente abrigos de idosos, onde encontramos longanimidade. Certa vez, ao participar das reuniões da Igreja num desses locais, num domingo, notei uma jovem que ia tocar violino para confortar as pessoas ali reunidas. Disse-me que estava nervosa e que esperava fazer o melhor possível. Enquanto ela tocava, alguém comentou: “Você é tão bonita e toca tão bem!” As cordas do violino e os elegantes movimentos dos dedos da moça pareceram inspirar-se pelo comentário inesperado. Ela tocou magnificamente.
Posteriormente, dei os parabéns a ela e a sua acompanhante. Elas responderam: “Viemos aqui para alegrar os fracos, os doentes e os idosos. Nossos temores desapareceram enquanto tocávamos. Esquecemos de nossas preocupações e temores. Podemos tê-los alegrado, mas eles certamente nos inspiraram.”
Às vezes, acontece o oposto. Uma querida e jovem amiga, Wendy Bennion, da cidade de Salt Lake, era o exemplo disso. Anteontem ela deixou a mortalidade silenciosamente e retornou “( … ) para aquele Deus que [lhe] deu vida. (Alma 40:11) Ela lutou durante mais de cinco anos contra o câncer. Sempre alegre, sempre estendendo a mão para ajudar os outros, sem jamais perder a fé, seu sorriso contagiante atraía os outros para ela como o ímã atrai o metal. Uma amiga, sentindo-se deprimida por seus próprios problemas, foi visitar Wendy, doente e com dores. A mãe de Wendy, Nancy, sabendo que ela estava com muitas dores, achou que talvez a amiga já tivesse ficado tempo demais. Ela perguntou a Wendy, após a partida da amiga, por que havia permitido que a amiga se demorasse tanto, uma vez que sentia tantas dores. A resposta de Wendy foi: “O que eu estava fazendo por minha amiga era muito mais importante do que a dor que eu sentia. Se eu for capaz de ajudá-la, vale a pena sentir dor.” Sua atitude lembra-nos Dele, que suportou os sofrimentos do mundo, que pacientemente sofreu enormes dores e desilusões, mas que, caminhando silenciosamente com Suas sandálias, passou por um homem que era cego de nascença, restaurando-lhe a visão. Ele aproximou-se da viúva de Naim, que estava sofrendo muito, e trouxe seu filho de volta à vida. Ele subiu o íngreme Calvário carregando Sua cruz, sem Se importar com a zombaria e insultos que acompanhavam cada um de Seus passos. Ele tinha um destino divino para cumprir. De um modo muito real, Ele visita-nos sempre, cada um de nós, com Seus ensinamentos. Ele traz alegria e inspira-nos a ser bondosos. Ele deu Sua vida preciosa para que a sepultura não tivesse vitória e a morte perdesse seu aguilhão, para que a vida eterna fosse nossa dádiva.
Tirado da cruz, sepultado num sepulcro emprestado, esse homem de dores e experimentado nos trabalhos, ressurgiu na manhã do terceiro dia. Sua ressurreição foi descoberta por Maria e pela outra Maria, quando se aproximaram do sepulcro. A grande pedra que fechava a entrada havia sido afastada. A seguir, a pergunta dos anjos em roupas brilhantes: “Por que buscais o vivente entre os mortos? Não está aqui, mas ressuscitou.”1
Paulo declarou aos hebreus: “Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta.”2
Talvez jamais tenha ocorrido tamanha demonstração de paciência como a exemplificada por Jó, que foi descrito na Santa Bíblia como “um homem íntegro, reto e temente a Deus e que desviava-se do mal.”3 Ele foi abençoado com grandes riquezas em abundância. Satanás obteve permissão do Senhor para tentar Jó. Como foi grande o sofrimento de Jó, como foram terríveis suas perdas, que tortura foi sua vida! Instado pela esposa a amaldiçoar a Deus e morrer, a resposta que deu revelou sua fé: “Sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida a minha pele, contudo ainda em minha carne verei a Deus.”4 Que fé, que coragem, que confiança! Jó perdeu seus bens—todos eles. Jó perdeu a saúde—completamente. Jó honrou a confiança nele depositada. Jó personificou a paciência.
Outro exemplo da virtude da paciência foi o Profeta Joseph Smith. Após sua divina experiência no bosque chamado Sagrado, onde o Pai e o Filho lhe apareceram, foi-lhe mandado que esperasse. Depois de algum tempo, depois de sofrer durante três anos escárnio por suas crenças, o anjo Morôni apareceu a ele. Depois disso, foi-lhe exigido mais tempo de espera e paciência. Lembremo-nos do conselho encontrado em Isaías: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos que a terra, assim são os meus caminhos mais altos que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos.”5
Em nossa vida confusa e apressada de hoje em dia, podemos muito bem voltar no tempo e lembrar-nos da lição que nos foi há muito ensinada, a respeito de atravessarmos ruas perigosas. “Pare, olhe e escute” eram os conselhos. Será que não poderíamos aplicá-los agora? Pare com esse ritmo de vida que destrói. Olhe para cima para receber ajuda divina. Escute Seu convite: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.”6
Ele nos ensinará a verdade destes belos versos:
A vida é real! A vida é séria!
E a tumba não é seu destino final;
Porquanto és pó e em pó te tornarás
Não se referia à alma imortal.7
Aprenderemos que todos somos preciosos para nosso Irmão Mais Velho, sim, o Senhor Jesus Cristo. Ele nos ama verdadeiramente.
Sua vida é o exemplo perfeito de alguém aflito, sofredor e enganado, que ainda assim deu o exemplo de esquecer-se de Si mesmo e servir ao próximo. O versinho dos tempos de criança ainda ecoa:
Sim, Jesus me ama!
Sim, Jesus me ama!
Sim, Jesus me ama!
A Bíblia assim o diz!8
O Livro de Mórmon também diz a mesma coisa, bem como Doutrina e Convênios e Pérola de Grande Valor. Se as escrituras forem o seu guia, nunca se encontrarão numa estrada que não leva a lugar algum.
Hoje, alguns não têm emprego nem dinheiro nem autoconfiança. A fome ameaça-os, e o desânimo acompanha-os sempre. Mas existe ajuda—sim, alimento para o faminto, roupa para o nu e abrigo para o desabrigado.
Milhares de toneladas saem dos armazéns da Igreja todas as semanas—sim, alimentos, roupas, equipamento médico e suprimentos para os quatro cantos da Terra e para os armários vazios dos necessitados que vivem perto de nós.
Sou testemunha da motivação que leva dentistas e médicos ocupados e talentosos a, com regularidade, sair de seus consultórios e doar seus talentos àqueles que precisam desse tipo de ajuda. Eles viajam a lugares distantes para operar pessoas com fendas palatinas, fazer correções em más-formações ósseas e restaurar membros defeituosos—tudo por amor aos filhos de Deus. Os aflitos, que pacientemente esperaram esse trabalho corretivo, são abençoados por esses “anjos disfarçados”.
Convido-os a acompanharem-me até a região leste da Alemanha, onde estive no mês passado. Ao viajarmos pelas autoestradas, pensei em uma ocasião, vinte e sete anos atrás, quando tudo que vi nessas autoestradas foram caminhões levando soldados e policiais armados. Por toda parte havia cães presos em coleiras, latindo, e os informantes andavam pelas ruas. Naquela época, a chama da liberdade estava muito fraca. Existia um muro de vergonha, e uma cortina de ferro havia sido fechada. As esperanças estavam destruídas. A vida, a preciosa vida, continuava com fé, de nada duvidando. Era preciso esperar com paciência. Uma inabalável confiança em Deus marcava a vida de cada santo dos últimos dias.
Quando fiz minha primeira visita no outro lado do muro, a época era de temor por parte de nossos membros que, com dificuldade, prosseguiam em suas tarefas. Eu percebia a apatia do desespero nos rostos de muitos transeuntes, mas uma radiante e bela expressão de amor emanava de nossos membros. Em Görlitz, o edifício onde nos reuníamos estava perfurado de balas da época da guerra, mas seu interior refletia o cuidado de nossos líderes em fazer com que uma estrutura, que tinha tudo para estar encardida e desgastada, permanecesse limpa e reluzente. A Igreja havia sobrevivido à guerra e à Guerra Fria que se seguiu. O canto dos santos iluminava todas as almas presentes. Eles cantavam um velho hino da Escola Dominical:
Se a vida é penosa para nós;
Se pesares são difíceis para nós;
Se a luta é amarga, Já não pesa nossa carga
E o horizonte se alarga para nós.
Não te canses de lutar.
De Deus atende a voz;
Deus descanso mandará
Perdão e graças para nós.9
O Livro de Mórmon também diz a mesma coisa, bem como Doutrina e Convênios e Pérola de Grande Valor. Se as escrituras forem o seu guia, nunca se encontrarão numa estrada que não leva a lugar algum.
Hoje, alguns não têm emprego nem dinheiro nem autoconfiança. A fome ameaça-os, e o desânimo acompanha-os sempre. Mas existe ajuda—sim, alimento para o faminto, roupa para o nu e abrigo para o desabrigado.
Milhares de toneladas saem dos armazéns da Igreja todas as semanas—sim, alimentos, roupas, equipamento médico e suprimentos para os quatro cantos da Terra e para os armários vazios dos necessitados que vivem perto de nós.
Sou testemunha da motivação que leva dentistas e médicos ocupados e talentosos a, com regularidade, sair de seus consultórios e doar seus talentos àqueles que precisam desse tipo de ajuda. Eles viajam a lugares distantes para operar pessoas com fendas palatinas, fazer correções em más-formações ósseas e restaurar membros defeituosos—tudo por amor aos filhos de Deus. Os aflitos, que pacientemente esperaram esse trabalho corretivo, são abençoados por esses “anjos disfarçados”.
Convido-os a acompanharem-me até a região leste da Alemanha, onde estive no mês passado. Ao viajarmos pelas autoestradas, pensei em uma ocasião, vinte e sete anos atrás, quando tudo que vi nessas autoestradas foram caminhões levando soldados e policiais armados. Por toda parte havia cães presos em coleiras, latindo, e os informantes andavam pelas ruas. Naquela época, a chama da liberdade estava muito fraca. Existia um muro de vergonha, e uma cortina de ferro havia sido fechada. As esperanças estavam destruídas. A vida, a preciosa vida, continuava com fé, de nada duvidando. Era preciso esperar com paciência. Uma inabalável confiança em Deus marcava a vida de cada santo dos últimos dias.
Quando fiz minha primeira visita no outro lado do muro, a época era de temor por parte de nossos membros que, com dificuldade, prosseguiam em suas tarefas. Eu percebia a apatia do desespero nos rostos de muitos transeuntes, mas uma radiante e bela expressão de amor emanava de nossos membros. Em Görlitz, o edifício onde nos reuníamos estava perfurado de balas da época da guerra, mas seu interior refletia o cuidado de nossos líderes em fazer com que uma estrutura, que tinha tudo para estar encardida e desgastada, permanecesse limpa e reluzente. A Igreja havia sobrevivido à guerra e à Guerra Fria que se seguiu. O canto dos santos iluminava todas as almas presentes. Eles cantavam um velho hino da Escola Dominical:
Se a vida é penosa para nós;
Se pesares são difíceis para nós;
Se a luta é amarga, Já não pesa nossa carga
E o horizonte se alarga para nós.
Não te canses de lutar.
De Deus atende a voz;
Deus descanso mandará
Perdão e graças para nós.9
Fiquei emocionado com a sinceridade deles. Senti-me tocado pela pobreza em que viviam. Eles tinham tão pouco. Meu coração angustiou-se ao saber que não tinham um patriarca. Eles não tinham estacas e alas—só ramos. Não podiam receber as bênçãos do templo—nem as investiduras nem o selamento. Fazia muito tempo que não recebiam um visitante oficial da sede da Igreja. Era-lhes proibido sair do país. Ainda assim, confiavam no Senhor de todo o coração e não confiavam somente em seu próprio entendimento. Em todas as suas veredas reconheciam o Senhor, e Ele guiava-os.10 Do púlpito, com os olhos cheios de lágrimas e a voz embargada de emoção, fiz-lhes uma promessa: “Se forem sempre fiéis aos mandamentos de Deus, terão as mesmas bênçãos desfrutadas por qualquer outro membro da Igreja em qualquer outro país.”
Naquela noite, percebendo o que eu havia prometido, caí de joelhos e orei: “Pai Celestial, estou a Vosso serviço; esta é Vossa Igreja. Disse palavras que não vieram de mim, mas de Vós e Vosso Filho. Por favor, Pai, fazei com que essa promessa se cumpra na vida desse nobre povo.” As palavras do salmo passaram-me pela mente: “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus”.11 Era necessário ter a celestial virtude da paciência.
Pouco a pouco, a promessa foi cumprida. Em primeiro lugar, ordenaram-se patriarcas; a seguir, foram produzidos os manuais de lições. Formaram-se alas e criaram-se estacas. Construíram-se capelas e sedes de estaca e elas foram dedicadas. Então, o milagre dos milagres aconteceu: recebemos autorização para termos um santo templo de Deus, que foi planejado, construído e dedicado. Finalmente, após cinquenta anos de ausência, foi concedida autorização para que missionários de tempo integral entrassem no país e para que os jovens do país servissem em outros lugares do mundo. Então, como a Muralha de Jericó, o Muro de Berlim veio abaixo, e a liberdade, com as responsabilidades que lhe são inerentes, retornou ao país.
Templo de Dresden, Fonte: deseretnews.com |
Todas as partes da preciosa promessa de vinte e sete anos antes haviam sido cumpridas, exceto uma. A pequena Görlitz, onde a promessa fora feita, ainda não tinha sua própria capela. Agora, até mesmo esse sonho tornou-se realidade. O edifício foi aprovado e construído. Chegou o dia da dedicação. Há um mês, a irmã Monson e eu, junto com o Élder Dieter Uchtdorf e esposa, fizemos uma reunião para dedicar a capela de Görlitz. Cantamos os mesmos hinos de vinte e sete anos atrás. Os membros sabiam do significado da ocasião, marcando o cumprimento total da promessa. Eles choravam ao cantar. O canto do justo foi realmente uma oração ao Senhor e foi respondido com uma bênção sobre sua cabeça.12
Ao final da reunião, relutávamos em partir. Ao sairmos, vimos as mãos de todos, que acenavam, e ouvimos as palavras Auf Wiedersehen, auf wiedersehen; Deus vos guarde até nos encontrarmos novamente.
A paciência, uma virtude celestial, trouxe a humildes santos a recompensa dos céus. As palavras do Réquiem, do [poeta inglês] Rudyard Kipling parecem muito adequadas:
Morrem os gritos e o clamor,
Passa dos reis o vão poder,
Mas teu divino esplendor
Há de viver, há de viver.
Teus mandamentos, ó Senhor,
Não nos permita esquecer!13
Em nome de Jesus Cristo, amém.
Referências:
- Lucas 24:5–6.
- Hebreus 12:1.
- Ver Jó 1:1.
- Jó 19:25–26.
- Isaías 55:8–9.
- Mateus 11:28.
- Henry Wadsworth Longfellow, ⌦“A Psalm of Life” (Salmo de Vida).
- “Jesus Loves Me!” (Jesus Me Ama!) Alexander’s Gospel Songs, comp. Charles M. Alexander (Nova York: Fleming H. Revell Co., 1908), p. 139.
- Hinos, 1990, nº 146.
- Ver Provérbios 3:5–6.
- Salmos 46:10.
- Ver D&C 25:12.
- Hymns, 1985, nº 80.