25/10/2020

O Homem Adão

Robert L. Millet

A Liahona - Fevereiro de 1998.

Os santos dos últimos dias conhecem nosso nobre patriarca mortal como o grande Arcanjo Miguel, que não apenas ajudou a criar a Terra, mas também irá liderar as hostes do Senhor para expulsar Satanás e seus seguidores.

Poucas pessoas estiveram mais diretamente envolvidas no plano de salvação do que o homem Adão. Seu ministério entre os filhos e filhas da Terra estende-se desde o passado distante da pré-mortalidade até o futuro distante da ressurreição, julgamento e o que está além.

Como Miguel, o arcanjo, Adão liderou as forças de Deus contra os exércitos de Lúcifer na Guerra dos Céus. Sob a direção de Eloim e Jeová ele ajudou na criação da Terra. Adão e Eva deram início à mortalidade ao partilharem do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Com a queda de nossos primeiros pais vieram a existir sangue, posteridade, provações e morte, bem como a necessidade de redenção por intermédio de um Salvador, um “último Adão”. (I Coríntios 15:45) O evangelho foi pregado em primeiro lugar a Adão, e a ele foi o sacerdócio concedido em primeiro lugar. De Adão e Eva a mensagem do evangelho da salvação foi levada a todo o mundo. Após sua morte, que ocorreu quase um milênio após sua entrada na mortalidade, o cuidado de Adão para com sua posteridade continuou. Sob sua direção, foram dadas revelações e anjos ministraram. Sob seu comando, o sacerdócio foi conferido e as chaves foram entregues.

ANTES QUE O MUNDO EXISTISSE

O papel de Adão no plano eterno de Deus começou no nosso estado pré-mortal. Lá ele era conhecido como Miguel, nome que significa “Aquele que é como Deus”. De fato, “por sua diligência e obediência pré-mortais,  como um dos filhos espirituais de Deus, ele atingiu a estatura e poder que o colocou numa posição abaixo somente  da de Cristo, o Primogênito”.1 Ele foi chamado e preparado “desde a fundação do mundo, segundo a presciência  de Deus” (Alma 13:3) para realizar seus trabalhos na Terra. Miguel manteve-se ao lado de Jeová ao defender o plano do Pai, o plano de salvação, quando Lúcifer, um “filho da manhã” (2 Néfi 24:12; D&C 76:25-27) opôs-se ao mesmo, oferecendo um plano alternativo. 

Joseph Smith explicou: “A contenda nos céus deveu-se ao seguinte — Jesus disse que certas almas não seriam salvas; e o demônio afirmou que ele salvaria a todas elas e expôs seu plano diante do grande conselho, o qual votou em favor de Jesus Cristo. Por isso, o demônio rebelou-se contra Deus e foi expulso, junto com todos os que se colocaram ao lado dele.”2 Tal como o Revelador viu em visão: “E houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhavam o dragão e os seus anjos;

Mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus.

E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele”. (Apocalipse 12:7-9)

Miguel esteve diretamente envolvido no preparo da Terra para a nossa provação mortal. O Élder Bruce R. McConkie, do Quórum dos Doze, escreveu: “Cristo e Maria, Adão e Eva, Abraão e Sara, e uma hoste de  homens poderosos e mulheres igualmente gloriosas integraram aquele grupo de nobres e grandes, a quem o  Senhor Jesus disse: ‘Desceremos, pois há espaço lá, e tomaremos destes materiais e faremos uma terra onde estes possam habitar’. (Abraão 3:22-24; itálicos do autor) Sabemos o seguinte: Cristo, sob o Pai, é o Criador; Miguel, seu companheiro e sócio, presidiu a maior parte do trabalho criativo; e com eles, como Abraão viu, estavam muitos dos nobres e grandes”.3 O Profeta Joseph Smith ensinou que “o sacerdócio foi dado primeiramente a Adão; a ele se deu a Primeira Presidência, e teve suas chaves de geração em geração. Recebeu-o na criação, antes de ser formado o mundo, como está registrado em Gênesis 1:26, 27, 28”.4

Expulsion from the Garden of Eden, by Thomas Cole, 1828.
Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Expulsion_from_the_Garden_of_Eden_(Cole)

NO ÉDEN

Quando chegou a hora de começar nosso segundo estado, a mortalidade, Deus nosso Pai considerou adequado chamar Miguel para receber um tabernáculo de carne e tornar-se o primeiro habitante da Terra. A genealogia de Jesus registrada por Lucas termina com uma grandiosa descrição de Adão: “o filho de Deus”. (Lucas 3:38; ver Moisés 6:22.) O nome de Adão significa “homem” ou “humanidade”, e sua posição como o “primeiro de todos os homens” (Moisés 1:34) sugere a importância de sua posição pré-mortal.

Na manhã da criação, Adão, Eva, e todas as formas de vida existiam numa condição paradisíaca. Todas as coisas eram físicas. Porém, elas também eram espirituais no sentido de que não eram mortais, ou sujeitas à morte. (Ver I Coríntios 15:44; Alma 11:45; D&C 88:27.)5 No Jardim do Éden, Adão e Eva andavam com Deus. Adão foi feito “senhor ou governante de todas as coisas na Terra, e ao mesmo tempo [desfrutava] comunhão . . . com seu Criador, sem nenhum véu a separá-lo”.6 Nossos primeiros pais teriam permanecido nesse estado indefinidamente se não tivessem comido do fruto proibido. (Ver 2 Néfi 2:22; Moisés 4:9.) 

A visão dos acontecimentos ocorridos no Éden partilhada pelos santos dos últimos dias é bastante otimista.  Cremos que Adão e Eva entraram no Jardim do Éden para cair, que suas ações ajudaram a “iniciar a vida no mundo”.7 e que a Queda era uma parte do plano preordenado pelo Pai. “Adão fez apenas aquilo que tinha de fazer”, disse o Presidente Joseph Fielding Smith. “Ele comeu daquele fruto por uma boa razão, que era a de abrir a porta para trazer você, eu e todas as pessoas a este mundo, pois Adão e Eva poderiam ter permanecido no Jardim do Éden; eles poderiam estar lá até o dia de hoje, se Eva não tivesse feito alguma coisa.”8

Visto que a Queda (assim como a Criação e a Expiação) é um dos três pilares da eternidade, e uma vez que a mortalidade, a morte, a experiência humana, o pecado e a consequente necessidade de redenção ocorrem como resultado da Queda, vemos com gratidão o que Adão e Eva fizeram, e não com desdém. “A queda teve duas direções — para baixo e para a frente. Ela trouxe o homem ao mundo e colocou seus pés na estrada do progresso”.9 Tal como Enoque declarou: “Por que Adão caiu, existimos”. (Moisés 6:48; ver 2 Néfi 2:25.) 

FORA DO ÉDEN

A Queda também abriu a porta para o pecado e a morte. Esta vida tornou-se um estado probatório, um tempo para que os homens e as mulheres se preparem para o encontro com Deus. (Ver 2 Néfi 2:21; Alma 12:24; 34:32; 42:4.) Com a Queda veio um véu de separação entre Deus e a humanidade; os mortais “estavam excluídos da Sua presença”. (Moisés 5:4) Após Adão e Eva serem expulsos do Jardim do Éden, foi-lhes ensinado o evangelho por intermédio da ministração de anjos, da voz de Deus e do poder do Espírito Santo. (Ver Moisés 5:1—12, 58.)

O véu que separava Adão da presença imediata do Pai Eterno não apagou as lembranças que Adão tinha de sua vida no Éden. Como Joseph Smith explicou: “a transgressão de Adão não o privou do conhecimento [Edênico] prévio, com o qual ele fora dotado, relativo à existência e glória de seu Criador. (...) Tampouco deixou Deus de manifestar Sua vontade a ele”.10 O Presidente John Taylor perguntou: “Como foi que Adão conseguiu informação a respeito das coisas de Deus?” Ele mesmo respondeu: “Ele recebeu-a por meio do evangelho de Jesus Cristo. (...) Deus apareceu a ele no jardim e falou com ele (...); e ele foi o primeiro homem sobre esta Terra a ter o evangelho e o santo sacerdócio; e se ele não o tivesse, não poderia ter conhecido coisa alguma a respeito de Deus ou Suas revelações”.11

Os santos dos últimos dias ocupam uma posição singular no mundo religioso ao afirmar que o evangelho de Cristo é eterno — que os profetas cristãos ensinaram a doutrina cristã e administraram ordenanças cristãs desde o início dos tempos.12 Adão foi o primeiro cristão do mundo. Ele exerceu fé na redenção de Cristo, foi batizado na água, recebeu o dom do Espírito Santo e recebeu o sacerdócio. (Ver Moisés 6:64-67.) Além disso, Adão e Eva entraram no novo e eterno convênio do casamento e assim colocaram-se no caminho que leva à vida eterna.13 “O Pai Adão foi chamado por Deus”, explicou o Presidente Wilford Woodruff, “e ordenado à plenitude do Sacerdócio de Melquisedeque — ordenado ao ofício e dom mais elevado que Deus dá ao homem na Terra”.14

A medida em que recebiam o evangelho dos lábios de Deus e de anjos, Adão e Eva ensinavam-no à sua posteridade.

Alguns de seus descendentes rejeitaram a luz dos céus e “amaram Satanás mais que a Deus”. (Moisés 5:13, 18, 28) Nossos primeiros pais lamentaram as escolhas feitas por seus filhos queridos (ver Moisés 5:27); porém, seu lamento não era igual ao daqueles que não têm esperança; e eles “não cessaram de clamar a Deus”. (Moisés 5:16) 

Três anos antes de sua morte, Adão reuniu sua posteridade justa no vale de Adão-Ondi-Amã (o lugar onde ele e Eva residiram após sua expulsão do Éden.)15 Sete gerações de patriarcas fiéis e famílias reuniram-se para ouvir conselhos proféticos. Lá, Adão concedeu-lhes sua última bênção. Ao descrever uma visão que tivera dessa ocasião sagrada, o Profeta Joseph Smith disse: “Vi o pai Adão no vale de Adão-Ondi-Amã. Ele chamou seus filhos e deu-lhes uma bênção patriarcal. O Senhor apareceu entre eles, e ele (Adão) abençoou-os a todos e predisse o que aconteceria até a última geração. Essa foi a razão por que Adão abençoou sua posteridade: queria levá-la à presença de Deus”.16

Adão foi o profeta-líder do Senhor na Terra em sua época; ele também permanece como o sumo sacerdote presidente da Terra, o homem que, abaixo de Cristo, retém as chaves da autoridade para abençoar a humanidade e a perpetuar a retidão na Terra. “As chaves têm que ser trazidas dos céus sempre que o evangelho é enviado; e quando são reveladas dos céus, são-no pela autoridade de Adão”17 sob a direção de Jesus Cristo. (Ver D&C 78:16.) O Profeta Joseph Smith disse que Adão foi “o primeiro a possuir as bênçãos espirituais. A ele revelou- se o plano das ordenanças para a salvação de sua posteridade até o fim; Cristo foi-lhe revelado primeiramente; e por meio dele, o Cristo tem sido revelado desde os céus e continuará revelando-se desde agora e para sempre. Adão tem as chaves da dispensação da plenitude dos tempos, isto é, mediante ele, revelou-se e revelar-se-á a dispensação de todos os tempos, desde o princípio até Cristo, e de Cristo até o fim das dispensações que hão de ser reveladas”.18

DEPOIS DA MORTE

Adão, chamado o Ancião de Dias, viveu uns 930 anos nesta Terra. (Ver Moisés 6:12.) Sua morte cumpriu o decreto divino de que no dia em que comesse do fruto proibido — neste caso, dia significa um período de tempo tal como é medido pelo Senhor — ele “certamente morreria”. (Ver Moisés 3:17; Abraão 5:13.) Com a morte, Adão entrou naquela parte do mundo pós-mortal dos espíritos conhecida como paraíso. (Ver 2 Néfi 9:13; Alma 40:12; Moroni 10:34.) Lá ele ministrou e trabalhou entre seus descendentes fiéis por cerca de 3.000 anos. O Profeta Joseph Smith explicou que Adão “preside o espírito de todos os homens”,19 e dessa forma seu ministério e responsabilidades administrativas continuam após sua morte. 

Assim como a Guerra nos Céus continua, de certa forma, em nossa própria era, da mesma forma os esforços de Adão em frustrar e opor-se a Satanás continuam desde a sua morte física. Em nossos dias, Miguel, às margens do Rio Susquehanna, percebeu “o diabo que apareceu como um anjo de luz”. (D&C 128:20) Podemos imaginar quantas outras vezes na história da Terra Miguel repreendeu e confinou Lúcifer a seus limites.

Talvez haja uma outra ocasião em que Miguel, como um espírito, tenha ocupado um papel particularmente significativo no plano de nosso Pai. Lucas registra que na noite da Expiação, após a Última Ceia, Jesus curvou-Se em terrível arrebatamento e pesar no Jardim do Getsêmani sob o peso dos pecados do mundo. Ele expressou Seu clamor: “Pai, se queres, passa de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua. E apareceu-lhe um anjo do céu, que o fortalecia”. (Lucas 22:42-43)

Um anjo foi enviado das cortes de glória para apoiar, para suster o imaculado Filho do Homem nas profundezas de Sua maior agonia. “O nome do ministrador angélico não foi revelado”, escreveu o Élder Bruce R. McConkie. “Numa conjetura, podemos imaginar que o anjo que veio a esse segundo Éden fora a mesma pessoa que vivera no primeiro Éden. Adão, que é Miguel, o arcanjo — o cabeça de toda a hierarquia de ministradores angélicos — parece ser a escolha mais lógica para dar ajuda e consolo a seu Senhor nesta ocasião solene. Adão caiu, e Cristo redimiu os homens da queda; essa fora uma empreitada em conjunto, ambas as partes sendo essenciais para a salvação dos filhos do Pai”.21 

O Presidente Joseph F. Smith, que teve o privilégio de ter uma visão do mundo espiritual no momento em que Jesus lá chegou, escreveu: “Entre os grandes e poderosos que estavam reunidos nessa vasta congregação dos justos encontrava-se o Pai Adão, o Ancião de Dias e pai de todos.

E a nossa gloriosa Mãe Eva, com muitas de suas filhas fiéis que viveram através das eras e adoraram o Deus verdadeiro e vivo”. (D&C 138:38-39) Adão e Eva estavam entre o grupo que “esperava e conversava, regozijando-se pela hora de sua libertação das cadeias da morte”. Quando o Senhor apareceu, ensinou e organizou as forças dos justos para levar a mensagem da salvação aos “ímpios e os impenitentes que se corromperam”. Ao ministrar aos Seus, o Mestre também “deu-lhes poder para levantarem-se, depois que ele ressuscitasse dos mortos, e entrarem no reino de seu Pai, para que lá fossem coroados com imortalidade e vida eterna”. (D&C 138:18, 20, 51)

Não sabemos quando Adão levantou-se na primeira ressurreição e entrou na glória celestial — se foi, tal como muitos profetas antigos, na ocasião em que Cristo levantou-Se do túmulo (ver D&C 133:54-55) ou se ele permaneceu no mundo espiritual durante algum tempo para supervisionar ou participar do trabalho de redenção dos mortos. As revelações modernas indicam que Adão ergueu-se em glória, para assentar-se com seus descendentes Abraão, Isaque, e Jacó, e que ele habitará em glória celestial. (Ver D&C 132:37; 137:5.) Após a ressurreição de Adão, “Adão atuaria do lugar onde os justos ressurretos vão para aguardar a época em que esta Terra será celestializada e se tornará seu lar eterno. Mais uma vez devemos lembrar que as chaves do sacerdócio de Adão permanecem com ele — desde o mundo pré-mortal, ao longo de seu ministério mortal, no mundo espiritual pós-terreno e na ressurreição”.22

NO FUTURO

No que seria, sem revelação moderna, uma passagem um tanto misteriosa no livro de Daniel, faz- se referência a uma reunião fora do comum. “Eu estava olhando nas minhas visões da noite”, escreveu Daniel, “e eis que vinha nas nuvens do céu um como o filho do homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e o fizeram chegar até ele.

E foi-lhe dado o domínio, e a honra, e o reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino tal, que não será destruído” (7:13-14).

As revelações modernas nos informam que o local desta reunião será no Condado de Daviess, Estado do  Missouri, na área que conhecemos como Adão-Ondi- Amã (ver D&C 116), o mesmo lugar onde Adão reuniu- se e profetizou à sua numerosa posteridade três anos  antes de sua morte. O Profeta Joseph Smith disse o seguinte em relação a essa reunião que precederá a vinda do Salvador em glória: “Daniel, no capítulo 7 de suas predições, fala do Ancião de Dias; refere-se ao homem mais idoso de todos, nosso pai Adão ou Miguel. Ele chamará seus filhos e fará um conselho com eles, a fim de prepará-los para a vinda do Filho do Homem. Ele (Adão) é o pai da família humana e preside os espíritos de todos os homens; e todos os que tiveram as chaves devem comparecer ante ele nesse grande conselho. (...) O Filho do Homem se apresentará diante dele, e receberá glória e domínio. Adão entregará sua mordomia a Cristo, que lhe foi entregue e que se refere a possuir as chaves do universo; porém, reterá a sua posição como o cabeça da família humana”.23

O Élder Joseph Fielding Smith ofereceu a seguinte explicação: “Nessa conferência, ou conselho, todos os que tiverem tido chaves de dispensações apresentarão um relatório de sua mordomia. Adão fará o mesmo, e passará a Cristo toda a autoridade. Adão será confirmado em seu chamado como o príncipe de sua posteridade e será oficialmente instalado e coroado eternamente nesse chamado de presidência. Cristo será recebido como Rei de reis e Senhor de senhores. Não sabemos por quanto tempo durará essa reunião, ou quantas reuniões desse grande conselho serão realizadas. É suficiente saber que é uma reunião do Sacerdócio de Deus desde o início desta Terra até o presente, na qual se apresentarão relatórios onde todos os que receberam dispensações (talentos) declararão suas chaves e ministério e relatarão sua mordomia de acordo com a parábola. [Ver Mateus 25:14-30.] O julgamento ser-lhes-á dado, pois essa é uma reunião dos justos, aqueles que tiveram e têm chaves de autoridade no Reino de Deus sobre esta Terra. (...) Isso acontecerá antes do grande dia de destruição dos iníquos e será a preparação para o reinado milenar”.24

Quando o Senhor retornar em glória triunfal para iniciar “o fim do mundo, ou a destruição dos iníquos” (Joseph Smith — Mateus 1:4), a primeira ressurreição, que começou com a ressurreição de Cristo, se reiniciará. Mais uma vez Miguel-Adão terá um papel significativo. “Antes que passe a Terra, Miguel, meu arcanjo, soará sua trombeta e então todos os mortos despertarão, pois suas sepulturas serão abertas e eles surgirão” (D&C 29:26). Ao discutir a natureza das chaves restauradas na Terra por vários anjos, o Elder Bruce R. McConkie notou que “o santo sacerdócio será usado na eternidade assim como na vida mortal. Ele não é apenas o poder e autoridade para salvar os homens aqui e agora; ele também é o poder pelo qual os mundos foram feitos e pelo qual todas as coisas existem. É bem possível que Adão, que trouxe a mortalidade e a morte ao mundo, tenha recebido permissão para restaurar o poder que traz imortalidade e vida a seus descendentes. Cristo, é claro, acima de tudo possui as chaves para ressuscitar e para erguer almas em imortalidade, mas nós também sabemos que Ele normalmente trabalha por intermédio de Seus servos, e as pessoas justas irão, no devido tempo, participar chamando seus entes queridos na ressurreição”.25

No final da Terra — significando o final do Milênio  (ver D&C 88:101; Joseph Smith-Mateus 1:55) — ocorrerá a grande batalha final entre o bem e o mal, conhecida como “a batalha do grande Deus” (D&C 88:114),  ou a batalha de Gog e Magog.26 E mais uma vez, o pode- roso Miguel, o eterno capitão do exército de Jeová estará  face a face com seu inimigo, Satanás. “O diabo e seus exércitos serão arremessados em seu próprio lugar, para que já não tenham poder sobre os santos.

Porque Miguel lutará as batalhas deles e vencerá aquele que busca o trono do que se assenta no trono, sim, o Cordeiro.

Esta é a glória de Deus e dos santificados; e eles não verão a morte.” (D&C 88:114-116) A vitória final de Miguel é uma preparação para a celestialização da Terra.

Muito frequentemente, o lugar e papel de Adão no plano de salvação tem sido mal entendido. Muitos no mundo religioso desprezam-no por suas ações no Éden. O louvor que ele recebe de outros toma a estranha forma de veneração e, até mesmo, adoração. Porém, não compreender Adão significa não compreender nossa própria identidade bem como nosso relacionamento com o Senhor e Seu plano.

O conhecimento da origem e destino do homem — como demonstrado na vida e labores de nosso pai Adão — é um dos profundos legados dos santos dos últimos dias.



NOTAS:

1. Bruce R. McConkie, Mormon Doctrine, 2- edição (1966), p. 16.
2. Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, selecionados por Joseph Fielding Smith (1976), p. 349.
3. “Eve and the Fall,” em Spencer W. Kimball e outros, Woman (1979), p. 59.
4. Ensinamentos, p. 153; itálicos do autor.
5. Ver também Joseph Fielding Smith, Doutrinas de Salvação, compilado por Bruce R. McConkie, 3 volumes (1954-56), 1:22-85.
6. Joseph Smith, compilador, Lectures on Faith (1985), p. 12.
7. Ensinamentos, p. 14.
8. Em Conference Report, outubro 1967, 121.
9. Orson F. Whitney em Cowley and Whitney on Doctrine, compilado por Forace Green (1963), p. 287.
10. Lectures on Faith, p. 14.
11. The Gospel Kingdom, selecionados por G. Homer Durham (1987), p. 91; itálicos do autor.
12. Ver Ensinamentos, pp. 59-60, 163-164, 257-258.
13. Ver History of the Church, 2:320; Mormon Doctrine, p. 118.
14. Discourses of Wilford Woodruff, selecionados por G. Homer Durham (1946), p. 64; ver também Doutrinas de Salvação, 3:83.
15. Ver John Taylor, The Mediation and Atonement (1882), p. 69; Matthias F. Cowley, Wilford Woodruff (1964), pp. 481, 545-46.
16. Ensinamentos, p. 154; ver também D&C 107:53-57.
17. Ensinamentos, p. 153.
18. Ibid., p. 163.
19. Ibid., p. 153.
20. Ver Bruce R. McConkie, Doctrinal New Testament Commentary, 3 volumes (1966-73), 3:423.
21. The Mortal Messiah: From Bethlehem to Calvary, 4 volumes (1979-81), 4:125; ênfase adicionada; ver também A Liahona, julho 1985, p. 10.
22. Larry E. Dahl, “Adam’s Role from the Fall to the End — and Beyond,” em The Man Adam, editado por Joseph Fielding McConkie e Robert L. Millet (1990), p. 121.
23. Ensinamentos, p. 153.
24. The Progress of Man (1964), pp. 481-82; ver também Bruce R. McConkie, The Millennial Messiah: The Second Coming of the Son of Man (1982), pp. 578-88.
25. The Millennial Messiah, pp. 119-120; ênfase adicionada. 
26. Ensinamentos, p. 274.

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