Robert L. Millet
A Liahona - Fevereiro de 1998.
Os santos dos últimos dias conhecem nosso nobre patriarca
mortal como o grande Arcanjo Miguel, que não apenas ajudou a criar a Terra, mas
também irá liderar as hostes do Senhor para expulsar Satanás e seus seguidores.
Poucas pessoas estiveram mais diretamente envolvidas no
plano de salvação do que o homem Adão. Seu ministério entre os filhos e filhas da
Terra estende-se desde o passado distante da pré-mortalidade até o futuro
distante da ressurreição, julgamento e o que está além.
Como Miguel, o arcanjo, Adão liderou as forças de Deus
contra os exércitos de Lúcifer na Guerra dos Céus. Sob a direção de Eloim e
Jeová ele ajudou na criação da Terra. Adão e Eva deram início à mortalidade ao
partilharem do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Com a queda
de nossos primeiros pais vieram a existir sangue, posteridade, provações e
morte, bem como a necessidade de redenção por intermédio de um Salvador, um
“último Adão”. (I Coríntios 15:45) O evangelho foi pregado em primeiro lugar a
Adão, e a ele foi o sacerdócio concedido em primeiro lugar. De Adão e Eva a
mensagem do evangelho da salvação foi levada a todo o mundo. Após sua morte,
que ocorreu quase um milênio após sua entrada na mortalidade, o cuidado de Adão
para com sua posteridade continuou. Sob sua direção, foram dadas revelações e
anjos ministraram. Sob seu comando, o sacerdócio foi conferido e as chaves
foram entregues.
ANTES QUE O MUNDO EXISTISSE
O papel de Adão no plano eterno de Deus começou no nosso
estado pré-mortal. Lá ele era conhecido como Miguel, nome que significa “Aquele
que é como Deus”. De fato, “por sua diligência e obediência pré-mortais, como um dos filhos espirituais de Deus, ele
atingiu a estatura e poder que o colocou numa posição abaixo somente da de Cristo, o Primogênito”.1 Ele foi
chamado e preparado “desde a fundação do mundo, segundo a presciência de Deus” (Alma 13:3) para realizar seus
trabalhos na Terra. Miguel manteve-se ao lado de Jeová ao defender o plano do
Pai, o plano de salvação, quando Lúcifer, um “filho da manhã” (2 Néfi 24:12;
D&C 76:25-27) opôs-se ao mesmo, oferecendo um plano alternativo.
Joseph Smith explicou: “A contenda nos céus deveu-se ao
seguinte — Jesus disse que certas almas não seriam salvas; e o demônio afirmou
que ele salvaria a todas elas e expôs seu plano diante do grande conselho, o
qual votou em favor de Jesus Cristo. Por isso, o demônio rebelou-se contra Deus
e foi expulso, junto com todos os que se colocaram ao lado dele.”2 Tal como o
Revelador viu em visão: “E houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos
batalhavam contra o dragão, e batalhavam o dragão e os seus anjos;
Mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos
céus.
E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente,
chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra,
e os seus anjos foram lançados com ele”. (Apocalipse 12:7-9)
Miguel esteve diretamente envolvido no preparo da Terra para
a nossa provação mortal. O Élder Bruce R. McConkie, do Quórum dos Doze,
escreveu: “Cristo e Maria, Adão e Eva, Abraão e Sara, e uma hoste de homens poderosos e mulheres igualmente
gloriosas integraram aquele grupo de nobres e grandes, a quem o Senhor Jesus disse: ‘Desceremos, pois há
espaço lá, e tomaremos destes materiais e faremos uma terra onde estes possam
habitar’. (Abraão 3:22-24; itálicos do autor) Sabemos o seguinte: Cristo, sob o
Pai, é o Criador; Miguel, seu companheiro e sócio, presidiu a maior parte do
trabalho criativo; e com eles, como Abraão viu, estavam muitos dos nobres e
grandes”.3 O Profeta Joseph Smith ensinou que “o sacerdócio foi dado primeiramente
a Adão; a ele se deu a Primeira Presidência, e teve suas chaves de geração em
geração. Recebeu-o na criação, antes de ser formado o mundo, como está
registrado em Gênesis 1:26, 27, 28”.4
Expulsion from the Garden of Eden, by Thomas Cole, 1828. Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Expulsion_from_the_Garden_of_Eden_(Cole) |
NO ÉDEN
Quando chegou a hora de começar nosso segundo estado, a
mortalidade, Deus nosso Pai considerou adequado chamar Miguel para receber um
tabernáculo de carne e tornar-se o primeiro habitante da Terra. A genealogia de
Jesus registrada por Lucas termina com uma grandiosa descrição de Adão: “o
filho de Deus”. (Lucas 3:38; ver Moisés 6:22.) O nome de Adão significa “homem”
ou “humanidade”, e sua posição como o “primeiro de todos os homens” (Moisés
1:34) sugere a importância de sua posição pré-mortal.
Na manhã da criação, Adão, Eva, e todas as formas de vida
existiam numa condição paradisíaca. Todas as coisas eram físicas. Porém, elas
também eram espirituais no sentido de que não eram mortais, ou sujeitas à
morte. (Ver I Coríntios 15:44; Alma 11:45; D&C 88:27.)5 No Jardim do Éden,
Adão e Eva andavam com Deus. Adão foi feito “senhor ou governante de todas as
coisas na Terra, e ao mesmo tempo [desfrutava] comunhão . . . com seu Criador,
sem nenhum véu a separá-lo”.6 Nossos primeiros pais teriam permanecido nesse
estado indefinidamente se não tivessem comido do fruto proibido. (Ver 2 Néfi
2:22; Moisés 4:9.)
A visão dos acontecimentos ocorridos no Éden partilhada
pelos santos dos últimos dias é bastante otimista. Cremos que Adão e Eva entraram no Jardim do
Éden para cair, que suas ações ajudaram a “iniciar a vida no mundo”.7 e que a
Queda era uma parte do plano preordenado pelo Pai. “Adão fez apenas aquilo que
tinha de fazer”, disse o Presidente Joseph Fielding Smith. “Ele comeu daquele
fruto por uma boa razão, que era a de abrir a porta para trazer você, eu e
todas as pessoas a este mundo, pois Adão e Eva poderiam ter permanecido no Jardim
do Éden; eles poderiam estar lá até o dia de hoje, se Eva não tivesse feito
alguma coisa.”8
Visto que a Queda (assim como a Criação e a Expiação) é um
dos três pilares da eternidade, e uma vez que a mortalidade, a morte, a
experiência humana, o pecado e a consequente necessidade de redenção ocorrem
como resultado da Queda, vemos com gratidão o que Adão e Eva fizeram, e não com
desdém. “A queda teve duas direções — para baixo e para a frente. Ela trouxe o
homem ao mundo e colocou seus pés na estrada do progresso”.9 Tal como Enoque
declarou: “Por que Adão caiu, existimos”. (Moisés 6:48; ver 2 Néfi 2:25.)
FORA DO ÉDEN
A Queda também abriu a porta para o pecado e a morte. Esta
vida tornou-se um estado probatório, um tempo para que os homens e as mulheres se
preparem para o encontro com Deus. (Ver 2 Néfi 2:21; Alma 12:24; 34:32; 42:4.)
Com a Queda veio um véu de separação entre Deus e a humanidade; os mortais
“estavam excluídos da Sua presença”. (Moisés 5:4) Após Adão e Eva serem expulsos
do Jardim do Éden, foi-lhes ensinado o evangelho por intermédio da ministração
de anjos, da voz de Deus e do poder do Espírito Santo. (Ver Moisés 5:1—12, 58.)
O véu que separava Adão da presença imediata do Pai Eterno
não apagou as lembranças que Adão tinha de sua vida no Éden. Como Joseph Smith
explicou: “a transgressão de Adão não o privou do conhecimento [Edênico]
prévio, com o qual ele fora dotado, relativo à existência e glória de seu
Criador. (...) Tampouco deixou Deus de manifestar Sua vontade a ele”.10 O Presidente
John Taylor perguntou: “Como foi que Adão conseguiu informação a respeito das
coisas de Deus?” Ele mesmo respondeu: “Ele recebeu-a por meio do evangelho de
Jesus Cristo. (...) Deus apareceu a ele no jardim e falou com ele (...); e ele
foi o primeiro homem sobre esta Terra a ter o evangelho e o santo sacerdócio; e
se ele não o tivesse, não poderia ter conhecido coisa alguma a respeito de Deus
ou Suas revelações”.11
Os santos dos últimos dias ocupam uma posição singular no
mundo religioso ao afirmar que o evangelho de Cristo é eterno — que os profetas
cristãos ensinaram a doutrina cristã e administraram ordenanças cristãs desde o
início dos tempos.12 Adão foi o primeiro cristão do mundo. Ele exerceu fé na
redenção de Cristo, foi batizado na água, recebeu o dom do Espírito Santo e recebeu
o sacerdócio. (Ver Moisés 6:64-67.) Além disso, Adão e Eva entraram no novo e
eterno convênio do casamento e assim colocaram-se no caminho que leva à vida
eterna.13 “O Pai Adão foi chamado por Deus”, explicou o Presidente Wilford
Woodruff, “e ordenado à plenitude do Sacerdócio de Melquisedeque — ordenado ao
ofício e dom mais elevado que Deus dá ao homem na Terra”.14
A medida em que recebiam o evangelho dos lábios de Deus e de
anjos, Adão e Eva ensinavam-no à sua posteridade.
Alguns de seus descendentes rejeitaram a luz dos céus e “amaram
Satanás mais que a Deus”. (Moisés 5:13, 18, 28) Nossos primeiros pais
lamentaram as escolhas feitas por seus filhos queridos (ver Moisés 5:27);
porém, seu lamento não era igual ao daqueles que não têm esperança; e eles “não
cessaram de clamar a Deus”. (Moisés 5:16)
Três anos antes de sua morte, Adão reuniu sua posteridade
justa no vale de Adão-Ondi-Amã (o lugar onde ele e Eva residiram após sua
expulsão do Éden.)15 Sete gerações de patriarcas fiéis e famílias reuniram-se
para ouvir conselhos proféticos. Lá, Adão concedeu-lhes sua última bênção. Ao
descrever uma visão que tivera dessa ocasião sagrada, o Profeta Joseph Smith
disse: “Vi o pai Adão no vale de Adão-Ondi-Amã. Ele chamou seus filhos e deu-lhes
uma bênção patriarcal. O Senhor apareceu entre eles, e ele (Adão) abençoou-os a
todos e predisse o que aconteceria até a última geração. Essa foi a razão por
que Adão abençoou sua posteridade: queria levá-la à presença de Deus”.16
Adão foi o profeta-líder do Senhor na Terra em sua época;
ele também permanece como o sumo sacerdote presidente da Terra, o homem que,
abaixo de Cristo, retém as chaves da autoridade para abençoar a humanidade e a
perpetuar a retidão na Terra. “As chaves têm que ser trazidas dos céus sempre
que o evangelho é enviado; e quando são reveladas dos céus, são-no pela
autoridade de Adão”17 sob a direção de Jesus Cristo. (Ver D&C 78:16.) O
Profeta Joseph Smith disse que Adão foi “o primeiro a possuir as bênçãos
espirituais. A ele revelou- se o plano das ordenanças para a salvação de sua
posteridade até o fim; Cristo foi-lhe revelado primeiramente; e por meio dele,
o Cristo tem sido revelado desde os céus e continuará revelando-se desde agora
e para sempre. Adão tem as chaves da dispensação da plenitude dos tempos, isto
é, mediante ele, revelou-se e revelar-se-á a dispensação de todos os tempos,
desde o princípio até Cristo, e de Cristo até o fim das dispensações que hão de
ser reveladas”.18
DEPOIS DA MORTE
Adão, chamado o Ancião de Dias, viveu uns 930 anos nesta
Terra. (Ver Moisés 6:12.) Sua morte cumpriu o decreto divino de que no dia em
que comesse do fruto proibido — neste caso, dia significa um período de tempo
tal como é medido pelo Senhor — ele “certamente morreria”. (Ver Moisés 3:17;
Abraão 5:13.) Com a morte, Adão entrou naquela parte do mundo pós-mortal dos
espíritos conhecida como paraíso. (Ver 2 Néfi 9:13; Alma 40:12; Moroni 10:34.)
Lá ele ministrou e trabalhou entre seus descendentes fiéis por cerca de 3.000
anos. O Profeta Joseph Smith explicou que Adão “preside o espírito de todos os
homens”,19 e dessa forma seu ministério e responsabilidades administrativas
continuam após sua morte.
Assim como a Guerra nos Céus continua, de certa forma, em
nossa própria era, da mesma forma os esforços de Adão em frustrar e opor-se a
Satanás continuam desde a sua morte física. Em nossos dias, Miguel, às margens
do Rio Susquehanna, percebeu “o diabo que apareceu como um anjo de luz”.
(D&C 128:20) Podemos imaginar quantas outras vezes na história da Terra
Miguel repreendeu e confinou Lúcifer a seus limites.
Talvez haja uma outra ocasião em que Miguel, como um
espírito, tenha ocupado um papel particularmente significativo no plano de
nosso Pai. Lucas registra que na noite da Expiação, após a Última Ceia, Jesus
curvou-Se em terrível arrebatamento e pesar no Jardim do Getsêmani sob o peso
dos pecados do mundo. Ele expressou Seu clamor: “Pai, se queres, passa de mim
este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua. E apareceu-lhe um
anjo do céu, que o fortalecia”. (Lucas 22:42-43)
Um anjo foi enviado das cortes de glória para apoiar, para
suster o imaculado Filho do Homem nas profundezas de Sua maior agonia. “O nome
do ministrador angélico não foi revelado”, escreveu o Élder Bruce R. McConkie.
“Numa conjetura, podemos imaginar que o anjo que veio a esse segundo Éden fora
a mesma pessoa que vivera no primeiro Éden. Adão, que é Miguel, o arcanjo — o
cabeça de toda a hierarquia de ministradores angélicos — parece ser a escolha
mais lógica para dar ajuda e consolo a seu Senhor nesta ocasião solene. Adão
caiu, e Cristo redimiu os homens da queda; essa fora uma empreitada em
conjunto, ambas as partes sendo essenciais para a salvação dos filhos do
Pai”.21
O Presidente Joseph F. Smith, que teve o privilégio de ter
uma visão do mundo espiritual no momento em que Jesus lá chegou, escreveu:
“Entre os grandes e poderosos que estavam reunidos nessa vasta congregação dos
justos encontrava-se o Pai Adão, o Ancião de Dias e pai de todos.
E a nossa gloriosa Mãe Eva, com muitas de suas filhas fiéis
que viveram através das eras e adoraram o Deus verdadeiro e vivo”. (D&C
138:38-39) Adão e Eva estavam entre o grupo que “esperava e conversava, regozijando-se
pela hora de sua libertação das cadeias da morte”. Quando o Senhor apareceu,
ensinou e organizou as forças dos justos para levar a mensagem da salvação aos
“ímpios e os impenitentes que se corromperam”. Ao ministrar aos Seus, o Mestre
também “deu-lhes poder para levantarem-se, depois que ele ressuscitasse dos mortos,
e entrarem no reino de seu Pai, para que lá fossem coroados com imortalidade e
vida eterna”. (D&C 138:18, 20, 51)
Não sabemos quando Adão levantou-se na primeira ressurreição
e entrou na glória celestial — se foi, tal como muitos profetas antigos, na
ocasião em que Cristo levantou-Se do túmulo (ver D&C 133:54-55) ou se ele permaneceu
no mundo espiritual durante algum tempo para supervisionar ou participar do
trabalho de redenção dos mortos. As revelações modernas indicam que Adão ergueu-se
em glória, para assentar-se com seus descendentes Abraão, Isaque, e Jacó, e que
ele habitará em glória celestial. (Ver D&C 132:37; 137:5.) Após a ressurreição
de Adão, “Adão atuaria do lugar onde os justos ressurretos vão para aguardar a
época em que esta Terra será celestializada e se tornará seu lar eterno. Mais
uma vez devemos lembrar que as chaves do sacerdócio de Adão permanecem com ele
— desde o mundo pré-mortal, ao longo de seu ministério mortal, no mundo
espiritual pós-terreno e na ressurreição”.22
NO FUTURO
No que seria, sem revelação moderna, uma passagem um tanto
misteriosa no livro de Daniel, faz- se referência a uma reunião fora do comum.
“Eu estava olhando nas minhas visões da noite”, escreveu Daniel, “e eis que
vinha nas nuvens do céu um como o filho do homem; e dirigiu-se ao ancião de
dias, e o fizeram chegar até ele.
E foi-lhe dado o domínio, e a honra, e o reino, para que
todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio
eterno, que não passará, e o seu reino tal, que não será destruído” (7:13-14).
As revelações modernas nos informam que o local desta
reunião será no Condado de Daviess, Estado do
Missouri, na área que conhecemos como Adão-Ondi- Amã (ver D&C 116),
o mesmo lugar onde Adão reuniu- se e profetizou à sua numerosa posteridade três
anos antes de sua morte. O Profeta
Joseph Smith disse o seguinte em relação a essa reunião que precederá a vinda do
Salvador em glória: “Daniel, no capítulo 7 de suas predições, fala do Ancião de
Dias; refere-se ao homem mais idoso de todos, nosso pai Adão ou Miguel. Ele chamará
seus filhos e fará um conselho com eles, a fim de prepará-los para a vinda do
Filho do Homem. Ele (Adão) é o pai da família humana e preside os espíritos de
todos os homens; e todos os que tiveram as chaves devem comparecer ante ele
nesse grande conselho. (...) O Filho do Homem se apresentará diante dele, e
receberá glória e domínio. Adão entregará sua mordomia a Cristo, que lhe foi
entregue e que se refere a possuir as chaves do universo; porém, reterá a sua
posição como o cabeça da família humana”.23
O Élder Joseph Fielding Smith ofereceu a seguinte explicação:
“Nessa conferência, ou conselho, todos os que tiverem tido chaves de dispensações
apresentarão um relatório de sua mordomia. Adão fará o mesmo, e passará a
Cristo toda a autoridade. Adão será confirmado em seu chamado como o príncipe
de sua posteridade e será oficialmente instalado e coroado eternamente nesse
chamado de presidência. Cristo será recebido como Rei de reis e Senhor de
senhores. Não sabemos por quanto tempo durará essa reunião, ou quantas reuniões
desse grande conselho serão realizadas. É suficiente saber que é uma reunião do
Sacerdócio de Deus desde o início desta Terra até o presente, na qual se
apresentarão relatórios onde todos os que receberam dispensações (talentos)
declararão suas chaves e ministério e relatarão sua mordomia de acordo com a
parábola. [Ver Mateus 25:14-30.] O julgamento ser-lhes-á dado, pois essa é uma
reunião dos justos, aqueles que tiveram e têm chaves de autoridade no Reino de
Deus sobre esta Terra. (...) Isso acontecerá antes do grande dia de destruição
dos iníquos e será a preparação para o reinado milenar”.24
Quando o Senhor retornar em glória triunfal para iniciar “o
fim do mundo, ou a destruição dos iníquos” (Joseph Smith — Mateus 1:4), a
primeira ressurreição, que começou com a ressurreição de Cristo, se reiniciará.
Mais uma vez Miguel-Adão terá um papel significativo. “Antes que passe a Terra,
Miguel, meu arcanjo, soará sua trombeta e então todos os mortos despertarão,
pois suas sepulturas serão abertas e eles surgirão” (D&C 29:26). Ao
discutir a natureza das chaves restauradas na Terra por vários anjos, o Elder
Bruce R. McConkie notou que “o santo sacerdócio será usado na eternidade assim
como na vida mortal. Ele não é apenas o poder e autoridade para salvar os
homens aqui e agora; ele também é o poder pelo qual os mundos foram feitos e
pelo qual todas as coisas existem. É bem possível que Adão, que trouxe a mortalidade
e a morte ao mundo, tenha recebido permissão para restaurar o poder que traz
imortalidade e vida a seus descendentes. Cristo, é claro, acima de tudo possui as
chaves para ressuscitar e para erguer almas em imortalidade, mas nós também
sabemos que Ele normalmente trabalha por intermédio de Seus servos, e as
pessoas justas irão, no devido tempo, participar chamando seus entes queridos
na ressurreição”.25
No final da Terra — significando o final do Milênio (ver D&C 88:101; Joseph Smith-Mateus
1:55) — ocorrerá a grande batalha final entre o bem e o mal, conhecida como “a
batalha do grande Deus” (D&C 88:114),
ou a batalha de Gog e Magog.26 E mais uma vez, o pode- roso Miguel, o
eterno capitão do exército de Jeová estará
face a face com seu inimigo, Satanás. “O diabo e seus exércitos serão
arremessados em seu próprio lugar, para que já não tenham poder sobre os
santos.
Porque Miguel lutará as batalhas deles e vencerá aquele que
busca o trono do que se assenta no trono, sim, o Cordeiro.
Esta é a glória de Deus e dos santificados; e eles não verão
a morte.” (D&C 88:114-116) A vitória final de Miguel é uma preparação para
a celestialização da Terra.
Muito frequentemente, o lugar e papel de Adão no plano de
salvação tem sido mal entendido. Muitos no mundo religioso desprezam-no por
suas ações no Éden. O louvor que ele recebe de outros toma a estranha forma de veneração
e, até mesmo, adoração. Porém, não compreender Adão significa não compreender
nossa própria identidade bem como nosso relacionamento com o Senhor e Seu
plano.
O conhecimento da origem e destino do homem — como
demonstrado na vida e labores de nosso pai Adão — é um dos profundos legados
dos santos dos últimos dias.